O amor de um filho

Um amor de filho.

O que marcou sua tristeza,

e a lembrança que te restou

Na solidão de não perceber,

Que a dor de uma família,

É ver que a mãe se feriu,

Na dor mais profunda

que mata,

de andar com um filho no colo

prestes à morte,

e outro no ventre, chegando para a vida,

E esta mãe do que morre?

Se ao acreditar que ambos

São vítimas da vida que se esvai, entre tantos infortúnios

da esperada ausência, daquele que vai morrer,

enquanto, que o outro espera nascer,

nesta falta de amparo espiritual,

onde um dos dois irá morrer,

é isto que grava a tolerância,

única, afetada pela lembrança,

de carregar um no ventre

e outros nas mãos,

é a fome, que se incorpora na alma,

que grita, pelo regimento da Lei,

que desabafa a morte e o nascimento,

cabe a mãe a dor que mata,

E a outra que espera,

Vejo que não há como entender,

O porque da desigualdade,

O sinônimo do Amor,

E o mesmo da maldade,

É tristeza imensa, ver aquele que morre,

e esperar por aquele que vai nascer,

Esta é a minha mãe,

Que gerou um filho no ventre,

Ao mesmo passo, que a outro sepultou,

Acredito, que ao ver um corpo franzino,

Partindo ao nunca mais,

Deve ser uma tragédia,

Enquanto, após sepultá-lo,

Vem o médico acalmá-la,

Para abrir-lhe as pernas,

E brotar-lhe nova vida,

Ah, minha doce mãe,

Como dói meu coração,

De ouvir suas estórias, suas perdas e descontemplos,

Negaram àquele pequeno, algo que ninguém sabe,

E esta morte por aguamento, fez de uma mãe,

A maior detentora de todos os sofrimentos,

Imagino, como gritava, vendo o outro filho nascendo,

Poucas horas do sepultamento, de um franzino indefeso,

Este é o desespero, que enterra a mãe no medo,

E que lamentavelmente,vê-se aí o descaso social,

Hoje passado tantos anos,

Vejo minha mãe na janela, vendo a chuva

Regrar as flores, da tristeza do seu quintal,

E o filho que nasceu, já cresceu, já se casou,

Enquanto o outro que morreu,

Este ficou na lembrança.

Grave culpa, homicídio,

Negar a alguém tão franzino, algo que ela jamais descobriu,

Sinto que se soubesse, saquearia o bar da esquina,

Mendigaria as esmolas da vida,

Mas, lhe traria novamente o ar.

A dor não foi somente de sepultar um corpo,

Mas, foi também, ainda maior,

De sepultar um filho,

Como uma grande vítima da fome e da maldade humana,

Não posso negar que choro,

Que se fosse eu a Mãe,

Não saberia, sepultar um filho e dar a luz ao outro.

Então, deve prevalecer a coragem,

Da maior mulher que já conheci,

Que fez de mim uma fã incondicional,

É, a você mãe! TUDO.

Toda a minha admiração e respeito,

Todo o meu espetáculo para saber te explicar ao mundo,

Te amo.

Del Dias
Enviado por Del Dias em 11/01/2008
Código do texto: T812835
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