MULHER (sabe com toda certeza que sabe o que) QUER
Não é sobre uma voz doce e serena, é sobre poder falar.
Não é sobre ter unhas bem feitas, ou pele maquiada, é sobre não ter hematomas para disfarçar.
Não é sobre ouvir bons elogios, é sobre ter ouvidos quando tivermos coragem de dizer.
Não é sobre recebermos flores, é sobre conviver e ser respeitados os nossos espinhos, que todos temos (sem distinção de gênero).
Não somente é sobre se desdobrar e dar conta dos nossos milhares de papéis, é sobre optar em tê-los. Ou ao menos, sermos compreendidas e acolhidas em todos eles.
Não é sobre sermos passivas e obedientes em todo tempo, é sobre sermos fiéis a nós mesmas.
Não é sobre realizar somente nossos sonhos, é sobre descobrir que podemos tê-los.
Não é sobre ser linda ou abaixo do peso, maravilhosa no sentido literal da beleza. É sobre “sermos” e nos acolhermos no que damos conta de ser… loiras, morenas, cheinhas, magrinhas, com espinhas, criança, adolescentes, adultas, idosas.
Não é sobre prepararmos a refeição, é sobre acolher a mesa.
E nem é sobre somente acolher, porque as vezes despejamos e nos excedemos (muitas vezes na tentativa de sermos ouvidas).
Não é sobre cantar o hino nacional das divas “Como uma deusa, você me mantém” é sobre poder votar e escolher o nosso futuro…
É sobre termos representantes na política.
É sobre sermos intelectuais, guerreiras, esforçadas e cientistas, antes de ser lindas… e mesmo guerreira, muitas vezes para desconstruir as inúmeras barreiras que nos foram impostas, ou que nos internalizaram que temos.
Não precisamos ser a primeira na linha de chegada, mas muitas vezes precisamos nos colocar em primeiro lugar.
Não precisamos adquirir o hábito da perfeição, mas não nos culpar demasiadamente por termos errados.
Não é só sobre saber lavar, cozinhar, conversar, é sobre termos oportunidades iguais de divisão de tarefas.
Não é só sobre empoderamento feminino, é sobre vibrar e reconhecer o sucesso de outras mulheres.
É sobre não ser fútil se formos femininas demais, é sobre não ser desleixadas se femininas um pouco menos.
Não é sobre sermos o centro das atenções, ou acharmos que estamos numa competição uma com as outras.
Não é sobre mim ou você, é sobre nós!
É sobre o direito de ser donas de casa, ou não.
Mães ou não.
Profissionais ou não.
Líderes ou não.
Sobre quisermos ou não.
Sobre a liberdade imensurável de nos reconhecer constituintes de uma sociedade, ainda que nosso trabalho seja alimentar nossos filhos no fogão a lenha, no fio da costura, na obra de infraestrutura, em nossas decisões, no meio de todos os homens, sendo respeitadas e jamais negligenciadas.
08/03/24