RÉQUIEM PARA TIA SANTA

Ela foi registrada como Raymunda, mas o amor a batizou de Santa. E assim ela viveu os 96 anos que lhe deram para viver. Sobrenome? Eu diria: Perdão.

Ela me confessou várias vezes que queria ser professora primária, não conseguiu, mas nos ensinou as lições da vida. Virou mesmo foi costureira. Lembro-me que ela fez camisa até para o governador Francelino Pereira, mas o mais importante é que ela fez várias camisas para mim, e para muita gente amiga.

Ela também tinha o sonho de casar e ter filhos, também não estava no seu destino. Mas foi uma mãezona para todos. Afilhados? Sobrinhos? Inúmeros. O nome “Tia Santa” ecoava por todos os cantos.

Herdou da mãe a caridade, dividia o pouco que tinha. Não sabia dizer: não tenho.

Com quase um século de vida, com certeza fez um milhão de amigos. Tenho certeza que Dona Neusa, Geni, Liquinha, Diva, Agostinha, Enite, Dona Ana, Comadre Lavinha, Corina, Ivone, Selma, Iracy, Nozinho, O senhor Antônio Cirino, o Pedro, Compadre Ismair e tantos outros amigos com que ela tinha histórias, hoje estão em festa com a sua chegada.

No capítulo da família, Seu Manoel e Dona Palmira, o Zé, a Dinha, o Marquinho, o Joaquim, Tia miúda, Tio Paulo, o Neu, o Geraldo, o Alberto, o Clarindo, e tantos outros, também a recebe de braços abertos.

Hoje tem festa no céu.

Lembrei-me de um trecho da letra de uma música:

“Ó, meu pai do céu, limpe tudo aí

Vai chegar a rainha

Precisando dormir”

Descanse em paz Tia Santa!

José Marcos Ramos
Enviado por José Marcos Ramos em 16/09/2022
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