VANUSA - MANHÃS DE SETEMBRO

Autor: HERIBALDO DE ASSIS

Tua voz de cristal faz parte da minha infância – eu nasci numa manhã de setembro. Poéticas manhãs de setembro que não existem mais e o vizinho está armado: não quer aprender a cantar, quer aprender a atirar... E de que adianta lembrar a Letra do Hino de um país que permite que milhões vivam na miséria? De que adianta lembrar a Letra do Hino de um país que é conivente com a corrupção, destrói o meio ambiente, rouba terras de índios, é racista, preconceituoso e feminicida? As tuas, as nossas belas manhãs de setembro não existem mais, Vanusa – a esperança morreu, a primavera morreu, o Amor morreu e a tua bela voz se calou. E nem podemos sair mais Vanusa para ensinar alguém a cantar – o vírus da violência, do ódio e do mal tornou-nos prisioneiros dentro de nossas próprias casas! E agora como ouvirei Manhãs de Setembro sem chorar?Sem lembrar que mais uma bela voz se calou (uma bela voz que espalhou canções de paz, Amor , Fraternidade e Solidariedade) .Deveriam se calar apenas as vozes que espalham ódio, racismo, preconceito, ignorância e mentiras ... Ah!Como Deus erra : cala as vozes do Bem e permite que haja vozes do mal!Mas agora Vanusa – cante com os anjos e que no céu todas as manhãs sejam belas manhãs de setembro.E que um dia na Terra somente haja vozes do Bem que ensinem o vizinho a cantar , a ser fraterno e pacífico: sem armas nas mãos e sem ódio e preconceito no coração!Que retornem as poéticas manhãs de setembro, que retorne o Amor, a Paz, a Fraternidade e a Solidariedade: temos que amar a música e não as armas, temos que amar a vida e não semear a morte, temos que acreditar em verdades e não em mentiras, temos que ser sábios e não ignorantes ...Eu não sei cantar, Vanusa – sei apenas compor – mas, mesmo desafinado meu coração ainda canta Manhãs de Setembro – e aquela criança que um dia eu fui e que se apaixonou por tua bela voz ainda espera por belas manhãs de setembro para que este mundo se torne uma eterna primavera – uma primavera sem espinhos , apenas com flores e assim não teremos mais receio de irmos às ruas , ensinar o vizinho a cantar e aprender a cantar para formarmos um imenso e belo coral de Fraternidade, Altruísmo, Amor , Paz e Fraternidade – que nossa única arma seja a voz: uma arma para dissipar tristezas, semear esperanças ... Pois todos nós, Vanusa, precisamos aprender a cantar, precisamos aprender a amar...

* Escritor, filósofo, poeta, compositor, redator-publicitário, roteirista e Licenciado em Letras. E-mail: herisbahia@hotmail.com