Ao Mestre Com Carinho

Sou suspeito para falar desse filme, porém toda vez que o vejo, invariavelmente rola uma lágrima. Quem vivenciou uma sala de aula vai se identificar com as situações apresentadas, aquela relação de amor e ódio com os alunos; aqueles que nos perturbam o ano inteiro e, que ao encontrá-lo na rua, vêm abraçá-lo.

O cinema nos vê com bons olhos, pelo menos a maioria dos filmes, e esse é de longe o melhor. Veem-nos como uma mistura de idealismo e abnegação, também presente em outro grande filme : "Sociedade dos Poetas Mortos", de que vou falar aqui em breve. Sidney Poitier e Robin Willians foram escolhidos para nos representar; que honra!

A história, baseada em fatos reais, é verdadeira; um engenheiro desempregado vê o ensino como única oprotunidade de sobrevivência; muitos entram para esse mundo assim; vai encontrar uma classe de alunos rebeldes e revoltados; é bem anos 60, as mudanças sociais e de costumes. De início a classe testa o professor com agressividade, refletindo os problemas de casa , na Inglaterra, mas poderia ser em qualquer país do mundo. O professor acaba se envolvendo com os problemas de seus alunos; mesmo que não seja recomendado, essa empatia existe e, a atenção que não têm em casa, transfere-se para o mestre em sala de aula.Um professor não é apenas alguém que conhece a matéria, é um ser humano, um incentivador, mais que um mero transmissor de conhecimentos. Poitier encarna bem essa função; o amor aos seus discípulos revela-se ao afrontar as regras sociais de que não poderiam ir ao funeral da mãe de um aluno imigrante; ele está lá, e , surpreendentemente, todos também; ponto alto de seu papel como educador. Ali ele começa a ganhar a confiança da classe. E também quando se recusa a machucar o aluno rebelde em uma luta de boxe.

Todos os fatos mostrados ali são verdadeiros, como os colegas de profissão desmotivados ou a aluna que "se apaixona" pelo professor e que quer dançar com ele no baile de formatura. Ali há a banda Mindbenders que, oportunamente toca : "I am getting harder", um rock pesado, e a dança fica individual e meio desajeitada, bem naquele estilo louco dos 60 de mudanças estruturais. Por fim a belíssima música de Lulu : " Ao Mestre com Carinho": "Está na hora de fechar os livros, mas em meu coração não vou esquecer do meu melhor amigo, que me ensinou o certo e o errado; o que eu posso dar em troca? Se você me pedisse a Lua, eu poderia dar meu coração... Ao Mestre Com Carinho ".

Ele recebe uma proposta de emprego em Engenharia, mas a rasga; no ano seguinte, lá está ele com uma nova turma desfiadora; são poucas as recompensas dessa árdua profissão, mas o carinho por seus alunos compensa tudo. Grande Filme!