TIO PETA
Era austríaco e eu desconheço as circunstâncias de sua vinda para o Brasil. Seu nome era Peter mas nós o chamávamos de Peta. Morava na pequena cidade de Santa Catarina onde minha família também vivia. Casou-se com uma brasileira descendente de alemães chamada Irma, que nós igualmente chamávamos de tia, embora não existisse nenhum parentesco entre nossas famílias.
Tio Peta e Tia Irma tiveram uma menina que nasceu exatamente na mesma data que eu. Recebeu o nome de Nara e com ela não convivi. A filha de Tio Peta faleceu alguns meses após seu nascimento. Foi acometida por uma moléstia que nunca foi diagnosticada, talvez uma doença rara. Eles a levaram para um hospital em Florianópolis buscando ajuda médica, que era precária em nossa cidade, mas todos os seus esforços foram em vão. Não conseguiram mais ter outros filhos e suas vidas ficaram tristes, vazias, desesperançadas.
Tio Peta era mais emotivo que sua esposa e quando me encontrava, certamente, lembrava da filhinha falecida. Me abraçava e seus olhos vertiam lágrimas furtivas que ele se apressava em secar com um lenço. Isso me emocionava também porquê embora seu infortúnio tivesse ocorrido na minha mais tenra idade, meus pais me contaram todo o seu drama assim que tive condições de compreender.
O casal já faleceu mas essa triste história nunca será esquecida por mim. O único registro que tenho é uma foto em preto e branco, pouco nítida, que foi tirada no gramado em frente à igreja matriz onde nós duas estamos sentadinhas sobre um cobertor. Não tínhamos completado um ano de idade...
Tio Peta e Tia Irma tiveram uma menina que nasceu exatamente na mesma data que eu. Recebeu o nome de Nara e com ela não convivi. A filha de Tio Peta faleceu alguns meses após seu nascimento. Foi acometida por uma moléstia que nunca foi diagnosticada, talvez uma doença rara. Eles a levaram para um hospital em Florianópolis buscando ajuda médica, que era precária em nossa cidade, mas todos os seus esforços foram em vão. Não conseguiram mais ter outros filhos e suas vidas ficaram tristes, vazias, desesperançadas.
Tio Peta era mais emotivo que sua esposa e quando me encontrava, certamente, lembrava da filhinha falecida. Me abraçava e seus olhos vertiam lágrimas furtivas que ele se apressava em secar com um lenço. Isso me emocionava também porquê embora seu infortúnio tivesse ocorrido na minha mais tenra idade, meus pais me contaram todo o seu drama assim que tive condições de compreender.
O casal já faleceu mas essa triste história nunca será esquecida por mim. O único registro que tenho é uma foto em preto e branco, pouco nítida, que foi tirada no gramado em frente à igreja matriz onde nós duas estamos sentadinhas sobre um cobertor. Não tínhamos completado um ano de idade...