ROBERTO LEAL

ROBERTO LEAL
Miguel Carqueija

Ontem o programa da Rede Vida “Silvio Brito em família” foi dedicado ao cantor português recentemente falecido.
Silvio, Margarita (esposa) e Clarissa (filha) trocaram ideias e apresentaram gravações das participações de Roberto Leal naquele programa e em outros da Rede Vida. Assisti cenas que não conhecia, até me surpreendi em ver o Roberto cantando junto com Martinho da Vila.
(Quando o Martinho apareceu, faz tantos anos, eu não gostava dele. Com o tempo acabei simpatizando com o seu sorriso e seu jeito educado e amável.)
Silvio Brito lembrou que Roberto Leal era considerado o embaixador da música portuguesa no Brasil, e que este título lhe fôra dado pelo Roberto Carlos. Na verdade antes do Roberto Leal havia o Francisco José, que morou aqui muitos anos e apresentou programa na extinta TV Continental. Francisco José era fadista e possuidor de voz privilegiada, além de homem educadíssimo e com pinta de galã de cinema. A última vez em que eu o vi na tv foi justamente num especial da televisão portuguesa, exibido em alguma emissora brasileira, e onde ele e Roberto Leal conversavam. Pouco tempo depois Francisco José faleceu. Ele era bem mais velho que Roberto Leal a quem, pode-se dizer, passou a batuta.
Isto aparentemente não se repete agora. Já não sei de nenhum cantor ou cantora atual da terra portuguesa, que tenha se radicado no Brasil ou aqui venha constantemente.
Tenho muita estima pelo Roberto Leal, que caprichava em seu repertório: “Milho verde”, “Carimbó português”, “Foi Deus”, “Nem às paredes confesso”, “Casa portuguesa”, “Verde vinho” e tantas outras canções. A princípio ele era mais um cantor de vira, de músicas dançantes, com o tempo foi incorporando ao seu repertório canções antes interpretadas por Francisco José, foi ficando mais parecido com Francisco José. E cresceu muito como artista.
Faz muitos anos, ele ainda era bem jovem, li uma interessante nota numa coluna de jornal. Dizia que Roberto Leal era o artista mais paquerado pelas mulheres nos bastidores da televisão mas que não dava bola para nenhuma, pois era casado e fiel à esposa. Isso elevou em mim o conceito que eu já tinha favorável do cantor. Aliás ele era um exemplo de gentileza, bons modos, um sucessor meritório de Francisco José que era outro “gentleman”.
Mais um bom artista que se vai para o outro lado mas este com certeza está em bom lugar. Ele era, inclusive, religioso. Chegou a estrelar um filme (só sei desse, embora não tenha assistido) intitulado “O milagre – o poder da Fé”).

Rio de Janeiro, 22 de setembro de 2019.