Dois carecas, quatro gols e dois troféus inesquecíveis

Em 2002 eu tinha oito anos de idade e ainda não me interessava por futebol, mas pela primeira vez na vida pude sentir um pouco de sua magia e entender o porquê de tanto fanatismo nacional.

Aquele era um ano especial, ano de copa do mundo e eu sentia um clima diferente no ar, especialmente em dias de jogo do Brasil. Como a copa foi disputada no Japão e na Coreia, muitos dos jogos passavam bem cedinho e lá estava eu, ainda morto de sono, acompanhando os gritos de gol de Galvão Bueno em cada jogo da seleção. Pouco a pouco aquilo me conquistava e pela primeira vez na vida torci por um time de futebol.

E que time... Recheado de estrelas, encantaram os brasileiros e o mundo com um futebol bonito e implacável contra os adversários.

Eis que o Brasil chegou na final contra o poderoso time da Alemanha, após uma semifinal sofrida contra a Turquia (quem diria).

Vibrei quando Ronaldo roubou a bola próximo à grande área, tocou para Rivaldo que bateu  pro gol e no rebote do goleiro Oliver Kahn(melhor goleiro daquela geração) marcou o primeiro gol da final.

Rrrrrrrrrronaldinho, gritava o narrador. Brasil 1x0.

Após algum tempo, o segundo gol de Ronaldo sacramentava o a vitória do Brasil por 2x0. Eramos pentacampeões do mundo.

Pela primeira vez também, sai na avenida com meu pai para comemorar o título mundial.

Dez anos depois, eu estava na mesma sala, vendo o jogo do Corinthians pela TV.

Como bom corinthiano, sofri por anos o peso de ser o último torcedor de São Paulo (dos times grandes) a não saber o que era comemorar um título de Libertadores da América, o principal torneio interclubes do continente.

Eu estava confiante que o grande dia havia chegado, afinal, foram 13 jogos sem sequer uma derrota. Calamos o torcedor do Boca Juniors, nosso adversário na final, em plena Bomboneira lotada, uma semana antes, com um belo e frio gol de Romarinho.

E o dia chegou. Naquele 4 de julho o Pacaembu estava lindo. A torcida corinthiana confiante na vitória e os onze dentro do campo mais concentrados do que nunca.

Berrei no ouvido do meu cunhado sao paulino que assistia o jogo comigo, quando após uma bola parada, Danilo da um passe de calcanhar para Emerson Sheik que tem o capricho de matar no peito e estufar a rede xerenze. Parecia mentira, mas o corinthians estava com uma mão na taça mais desejada de sua história centenária.

Na metade do segundo tempo Emerson, de novo, se aproveita de um passe mal feito do zagueiro do Boca pra roubar a bola, parte em velocidade e tirando do goleiro deu a certeza à fiel que era hora de soltar o grito. O Corinthians era campeão da Libertadores de 2012, de forma invicta e inquestionável.

Independence day nos Estados Unidos. Independência corinthiana em solo paulistano. Acabara toda zoeira, não sobrou nada para sao paulinos, palmeirenses e santistas nos diminuírem. Eramos donos da América pela primeira vez.

E foi assim que duas histórias marcaram minha vida, em momentos muito diferentes dela, mas cuje a intensidade do momento, de torcer por um time, pude comparar. Levarei sempre esses momentos na memória, não importa quantas copas o Brasil ganhe, ou quantas libertadores o Corinthians conquiste, nunca terão o mesmo sabor de 2002 e 2012.

Dois carecas, quatro gols e dois troféus inesquecíveis.

Obrigado Ronaldo e Emerson Sheik.

Marco de Souza
Enviado por Marco de Souza em 16/09/2019
Reeditado em 16/09/2019
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