RÉQUIEM PARA O TIO JOÃO

João Machado (era ele mesmo), Joãozinho (chamado pelos irmãos), João (Chamado pelos cunhados e amigos) Macha-do (chamado pelos colegas de serviço), Machadinho (pelos amigos de serviço com carinho),Pai (pelas filhas Sandra, Carla e Cláudia),Tio João (pelos sobrinhos),Vô João (pelos netos Michelle e Rodrigo),Biso (pelos bisnetos Izabelle, Pedro Lucas, João Antônio e Ana Beatriz).

Só me lembro dele com fundo musical. A música fazia par-te da vida dele. Lembro-me dos conjuntos regionais, das festas abrilhantadas pela família. Tio Nô cantando junto com tia Dina, Tio Zé fazendo percussão com os tostões, e ele soberano com o cavaquinho ou o bandolim. Foi assim que ele viveu o tempo que lhe deram pra viver. A rudez da juventude embalada pelo amor. A Construção dos viadu-tos, pontes, cidades, estádios, prédios e casas eram trata-dos da mesma forma que a construção da família. Não me lembro, se ele assobiava enquanto trabalhava. Mas sei que ele tocava enquanto construía a família. Ele acompanhava minha irmã quando ela cantava. Educou as filhas com mú-sica, tocando e cantando. Família que canta unida perma-nece unida. Das sementes que semeou brotaram frutos, se tem alguém que não canta ou toca, tem gente que aprecia música. Carla, Pedro e Izabelle são testemunhos desta mi-nha verdade.

A família Machado sempre respirou música. Tio Rafael me apresentou os Beatles. Ouvíamos os primeiros discos que chegava ao Brasil, nas tardes de domingo, junto com os seus filhos. Tio Nô tinha uma voz linda, cantava até no rá-dio. Tio Zé como já disse, fazia percussão com os tostões ou com a caixa de fósforos. Luizinho, do Tio Rafael, can-tava e tocava. A Carla canta, toca, faz música e arranjos. O Pedro toca violino... a Izabelle toca flauta... e todos can-tam.

E Quem toca e canta, tem amigos que tocam e cantam. E os amigos que não tocavam nem cantavam passavam tar-des com ele, jogando baralho. Truco, buraco... E ele sozi-nho até jogava paciência.

A mim ele ensinou muito, me ensinou desde pequeno a gostar dele. Mas isso não é privilégio meu. Todo mundo gostava dele.

Mas voltando a música... ele me ensinou a embalar a minha filha e os meus netos cantando: Vou deitar, vou dormir com a barriga cheia de juriti.

E por último, para Júlia, pro Miguel e pra Bia ele cantava assim: Periquito maracanã cadê a sua Iaiá?

Aí de cima, meu padrinho, toque pra mim, me benze e me abençoe!