EPITÁFIO AO MUSEU NACIONAL

“A história é émula do tempo,

repositório dos factos,

testemunha do passado,

exemplo do presente,

advertência ao futuro.”

(Miguel Cervantes,

em “Dom Quixote”).

Ontem de manhã éramos um país sem pátria,

Ao anoitecer passamos a condição de um país sem memória.

De minha parte, expresso o meu sentimento:

“é dolorido, muito dolorido”.

E apenas com palavras, como um Dom Quixote a enfrentar os monstruosos moinhos de vento que estão a liquidar nosso Brasil dizer:

"Não quero saber do autor,

não quero saber das causas,

não quero saber do culpado,

não quero saber como começou,

nem me importa mais como vai terminar,

nem quem serão os homens que darão a palavra final,

que usando a retórica colocarão o último prego no caixão

deste defunto sofrido chamado Brasil.

Só sei que ontem, o incêndio do Museu Nacional,

Iluminou um fato muito claro:

"QUEREMOS O BRASIL DE VOLTA !”

"Queremos a volta da alegria,

das boas lembranças,

da nossa fé no futuro.

BASTA DE TANTA TRISTEZA !"

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Quem conhece, (ou conhecia), o Museu Nacional do Rio de Janeiro, sabe (ou sabia), que o incêndio era tragédia anunciada.

Um prédio antigo, com soalhos de madeira, forros de madeira e muito material inflamável.

De outro lado um Estado Falido, cheio de descaso com a cultura e história.

Lembro-me que, da última vez que lá estive, comentei com a pessoa que me acompanhava que o risco de incêndio era muito grande, coisa visível até para alguém, que como eu, desconhece as regras de segurança contra incêndio.

"Melhor seria que alugasse conteiners e os dispusesse no jardim e guardasse, por segurança, todo acervo neles, blindados de metal.

Isso é feito em outros países, (e até empresas privadas no Brasil), quando o risco é iminente.

Nada fizeram.

Agora resta chorar sobre as cinzas.

É revoltante !

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Obrigado pela leitura.

Sajob, setembro / 2018