CARTA ABERTA A MARCELO REBELO DE SOUSA

Tenho por mim que um Presidente da República deve amar e cuidar do seu Povo e do seu País,tal como um bom pai ama e cuida de seus filhos.

MAR

Esta carta foi escrita por uma jovem médica portuguesa,para Marcelo.

CARTA ABERTA A MARCELO REBELO DE SOUSA

(Presidente da República Portuguesa)

Querido Marcelo:

Espero que me desculpes,mas hoje trato-te por tu.

Contigo estamos à vontade e não à vontadinha,mas mesmo não tendo andado contigo na escola e sabendo que tens idade para ser meu avô,permite-me a irreverência.

Elegemos-te,como elegemos todos os políticos,para nos representares e tu,matreiro,tens feito exactamente isso.Que desassossego,Marcelo!

Que coisa rara ser-se assim genuíno!

Vais a tudo e a todas.Nem o Emplastro consegue seguir-te as pisadas!

Como fizeste no fim de semana em que se cumpriu Portugal?

Aposto que com tantos quilómetros entre Papa,Salvador e Benfica tinhas amealhado pelo menos dez DOTS,se eles ainda estivessem na moda.

Pouco a pouco tens conquistado estes corações de granito que nós,lusitanos,tendemos a carregar.E olha que não gostamos nada disso!

Tal como nos Santos a sardinha se vende ao preço do cardume,no mundo da politiquice quando a esmola é muita,o povo desconfia.

Homem político é para ser odiado,senão de que nos servem?A quem atiramos a primeira pedra se começam todos a ser como tu?

Contigo é um desatino!Sem esforço,tens intensificado este sentimento de que ainda há políticos decentes.Que ousadia a tua mostrares-te assim simples e honesto,sem prepotência e sem orgulho!Não tens medo de ser vulnerável.E menos medo tens de quebrar protocolos e ser um Presidente tresmalhado que não segue rebanhos.Mostras compaixão onde outros mostraram assessores.Pões o dedo na ferida e vais para a arena com os restantes comuns mortais.Nada do que fazes é por interesse próprio,nem queres que seja.Quando um jornalista te perguntou quanto tempo ficarias no Pedrógão respondeste,fresco como um manjerico,que ficarias o tempo que fosse necessário.Inconcebível para ti tentar prever o tempo que demora a dar uma palavra de conforto a quem dela mais precisa.

Estou-te grata por trazeres à baila o humanismo que tinha caído em desuso na tua classe profissional - e não só.No mundo médico,por exemplo,é de mau tom e eticamente questionável,abraçar um doente.Mas às vezes,quando a dor é muita e não sabemos o que dizer,um abraço diz tudo.E digo-te(cá entre nós)que tanto eu como muitos colegas,já cometemos essa perversão.

Sei que sabes quão poderoso pode ser um abraço.Fizeste-o quando chegaste ao local da tragédia,por caminhos aparentemente pouco recomendados.

És assim.Deixas tudo num reboliço e vais pousar, directamente, onde é preciso.E ficas,demoras-te e inundas tudo e todos de compaixão,como um amigo verdadeiro.Estávamos sedentos de ter alguém assim.

Nesta vida luta que travamos,nem sempre temos coragem para ser genuínos,vulneráveis e humanos,como tu.

Este desamor,Marcelo,é para ser vivido longamente.Espero que consigas inspirar outros a ser como tu e que nos relembres que os valores pessoais falam mais alto do que a profissão que exercemos.Mas o que quero mesmo é que,em caso de tragédia,possas ser tu a ir lá dar "aquele abraço"que todos nós gostaríamos de poder dar.

MAR
Enviado por MAR em 07/07/2017
Código do texto: T6047877
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