Minha alma erótica

Minha alma erótica extrapola os modelos de corpos transformados em objetos midiáticos sem alma. Exibo muitas curvas que carregam, cada uma, segredos e encantos...

Ela mora nas cicatrizes que ostento, dentro e fora da pele que me cobre, e que compõem o mosaico que de fato sou eu.

Minha alma erótica transcende a mesmice que se lê nas mensagens padronizadas que replicam pensamentos encerrados a correntes, em caixas mentais amareladas pela feiura dos preconceitos. Ela fala, olhando diretamente nos espelhos que traduzem os espantos de quem a encara.

Ela namora o tempo e marca em meu corpo cada afeto com que se deleita.

Faz-me vidente de outras almas nuas, as quais contemplo reverenciando as matizes com que desenham nas pedras e nas flores que formam os espectros que emanam.

Uma alma erótica se reconhece em outra, cuja aura baila em arco-íris de luz.

Podem tocar e trocar fragmentos de si. Interpenetram sentidos. Assim, passam a morar nas lembranças das intensas vivências que compartilharam.

Minha alma erótica alimenta-se de detalhes, sons, significados, sutis e suaves toques e selvagens e indômitos contatos...

Ela está em cada expressão do meu rosto, brincando de se esconder e se mostrar a atentos olhos sensíveis que por segundos, captam sua essência.

E se essa magia acontece...cada fagulha de vida, preciosamente compartilha.

Para Adélia Prado

Lyzzi
Enviado por Lyzzi em 20/04/2017
Reeditado em 16/07/2017
Código do texto: T5976385
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