Rota sem bancarrota

Rota sem bancarrota

São antigos e amigos os bancos do jardim de Pitangui. Há muitas décadas eles eram de cimento e traziam gravados em seus encostos os nomes das casas comerciais que os haviam doado ao uso da comunidade. Foram substituídos por similares impessoais, se não me engano, durante o governo municipal de Antônio dos Santos, ainda nos anos setenta. A razão da mudança, nunca alcancei - ou alcançarei.

E bancos há em outros logradouros públicos, como a praça das Cavalhadas e o adro da igreja de São Francisco, este último de mais recente instalação, assim como, a praça da Bíblia, à saída da cidade, já na estrada, na direção de Belo Horizonte

Nada obstante, e nada o bastante, há bancos espalhados pela cidade, quiçá, e justificadamente, com maior notoriedade e serventia. Assim, o banco de cimento de José dos Santos, padeiro, tem uma história pra contar, ou pra sentar. Fica numa esquina da rua Velho da Taipa, antiga rua do Alto, hoje moderna, com asfalto... E o banco lá tá, numa encruzilhada fecunda, onde tanta boa lembrança abunda...

Mais pra baixo, já no largo de São José, bote fé no banco do Dito César, carpinteiro, em robusto madeiro, convite a um prosear passageiro. E subindo na direção da matriz, no passeio do Vinício os bancos de passeio são dois, para um descansar mais propício. Embora mais vistos como extensão do sobrado vinicial, um forâneo lá assentar, não fará mal. Terá ainda a vantagem se vir Dona Marieta à janela, sempre boa prosa, e nunca alheia, nem tagarela...

Banco cobiçado é o que se vê ao alpendre da casa que foi de Nazita dos belos olhos, filha de Crispim, na rua que leva ao ginásio municipal. Esse é de ferro fundido, um trabalho bem requintado, dum branco imaculado, pena, pena, que atrás dum gradeado...

Bancos e bancadas das formas mais variegadas ainda há, e catalogá-los todos seria trabalho de fôlego maior, mas quem sabe algum turismólogo da cidade ainda se disponha a dar forma e continuidade a este modesto esboço, feito menos na sistematização do que no alvoroço do coração?

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 02/01/2017
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