A LUZ que me destes!

(Uma singela homenagem ao meu Pai!)

Nada do que sei, aprendi sozinha.

Foi catando um símbolo aqui, um significante ali, um significado acolá, e com poucas palavras fui construindo uma aparência de linguagem.

Assim fui apresentada ao alfabeto, embora achasse muito complicado. Considerava quase um jogo de quebra cabeça mas aos poucos fui vencendo barreiras. A tabuada mais parecia poesia cantada. Mas ele, de face já enrugada e pouco conhecedor desse recurso do que é ensinar, foi rudimentarmente me levando a tomar gosto pelo conhecimento dos fonemas, dos morfemas, mesmo que nada soubéssemos sobre esses “nomes esquisitos” e que eu só vim tomar conhecimento deles anos mais tarde, bem mais tarde. Bem, mas assim mesmo eu aprendi. Uma sílaba aqui, uma palavrinha ali, e a cada dia mais até formar uma frase. Eu, como sempre encantava-me a todo instante. Não gostava muito de números, talvez por eles serem tão exatos não me pareciam atraentes.

Cresci, e quando já quase "mocinha" fui morar na cidade e passei a frequentar a escola. Ali descobri o enorme esforço que o meu pai fizera para ensinar-me pequenas coisas (tão grandes) quanto eu posso perceber agora.

Minha trajetória foi longa nesse primeiro momento de aprendizado; mas em nenhum momento aquele modo simples do qual tive contato quando ainda era criança, deixou de ser menos importante.

Fui apresentada a Paulo Freire, que diz que somos seres inacabados e caminhantes, depois conheci Piaget e Vygotsky, que me fizeram entender a “assimilação, acomodação, e imitação”, logo depois, Ferdinand Saussure, com os tais "significados e significantes, e não parou por ai. Veio Bakhtin com o seu “dialogismo”, Chomsky e seu “gerativismo...

Nossa, quanta coisa aprendi de lá para cá !!

E continuarei aprendendo, visto que sou um ser "inacabado"!

DI MATOS
Enviado por DI MATOS em 29/12/2016
Código do texto: T5866754
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