A primeira vez que não te vi

Era sabido que iria doer.

Evitei o retorno o quanto pude.

A estrada parecia mais longa. Não havia os arbustos, nem os casebres e tampouco os pastos verdes com Ipês floridos.

Por mais que tentasse não pensar na chegada e na última vez que por ali passei, falhei.

As lágrimas brotavam, o nó na garganta persistia...

Apesar da angústia que sentia, olhava para o céu e resistia.

Ao entrar na currutela, o passado tão presente (e recente) se apresentou com um ar de deboche.

Pouca mobília trocada de lugar. Duas peças de roupas e fotografias. O quarto agora é para as “visitas”!

Lágrima teimosa, não a deixo pingar.

O velho cachorro não mostrou os dentes como se estivesse sorrindo, não dessa vez...Ele chorou!

O dia foi longo e “fingido” ser um dia qualquer.

O golpe final chegou com o pente de cabelo esquecido no armário do banheiro...Desabei.

Sofri depressa, pois o rádio não tinha mais sido escutado. “Cabocla Tereza” de novo tocou! O cheiro ainda estava lá. O amor ficou junto às boas lembranças! Chorei, mas escolhi sorrir nesse dia que foi a primeira vez que não te vi.

Michele Valverde
Enviado por Michele Valverde em 03/11/2016
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