Ela nos fere e sempre nos remói
E nos coloca acima duma estrela...
Mesmo que em disparate eu quero vê-la,
Embora sabedor de quanto dói!
(Ayres Koerig, in "Saudade)"
 
 


PASSAGEIROS
(Para Ayres Koerig, in memoriam)

Somos passageiros
do trem chamado vida...
Da alma o tempo é carcereiro,
martirizador da última réstia de emoção,
tornando-a gasta e cansada,
até que, como folha de outono,
a faz cair, friamente, 
de encontro ao chão…
 

Quando o passageiro já não sente
o vento que o fazia continuar,
sabe que a viagem tem de terminar. 

Não lhe resta mais nada.
Nada lhe há de pertencer,
além da doce memória
de um alegre amanhecer.
 
 





Querido Ayres...
Dentro de ti havia ainda um infinito espaço para a poesia,
para escrever, para sonhar...

Mas hoje, passageiro,  fizeste as malas e partiste.
Sei que dentro delas apenas irás levar os teus momentos felizes.
Não eras apenas um amigo. Não eras apenas um poeta.
Ayres Koerig, tu foste e és poesia!
Até sempre, querido amigo! Muitas saudades me deixas, num ano que
 – ainda no seu início - para mim tem sido horribilis, repleto de perdas.

 
 
Ana Flor do Lácio

 
Ana Flor do Lácio
Enviado por Ana Flor do Lácio em 29/02/2016
Reeditado em 29/02/2016
Código do texto: T5559331
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