Chega de Saudade

Quando um mero mortal como eu, entende quão majestoso Deus é e tamanha perfeição fez o mundo, o sofrimento deixa de fazer sentido de uma hora para outra, como num passe de mágica.

Eu, poeta, Guilherme Cesar Machado de Araujo, sempre sofri muito de saudade do meu falecido avô que me deixou em 2001, sofrimento ou saudade, dependendo do foco empregado, mas que pode ser notada nos meus textos:

"Dr Claudio Cesar Machado de Araujo" e "Herança".

Sua partida, foi muito dolorosa especialmente para mim, pois ele foi ao sítio e morreu atropelado, sendo que todas as demais semanas fomos juntos e justamente na semana na qual eu decidi não ir, ele veio a óbito.

Sentimentos de culpa e impotência, tomaram conta de mim, sentimentos estes que eu considero os piores que um ser humano pode sentir, pois não há nada que faça a não ser uma espécie de lavagem cerebral, para se livrar desses sentimentos.

Eis que por acaso, eu tenho uma conversa com meu tio, filho do meu avô paterno o qual eu sinto tanta falta e vejo muito dele em mim e vice e versa.

Pasmo pela semelhança e tentando entender o motivo, eu finalmente entendi que 60% das características são transmitidas por DNA, entretanto eu pensava ser somente características físicas, mas notei que a personalidade também é transmitida.

Eu sempre soube que eu nasci para ter sucesso e já declarei que o sucesso estava no meu sangue, muito antes de entender essa teoria genética. Olhando para a minha árvore genealógica, faz mais sentido ainda, pois alguns dos profissionais mais renomados que o Brasil já viu em distintas áreas, medicina e direito, estão na minha família e tem o sangue do meu sangue.

Entendendo essa teoria genética, finalmente posso deixar meu avô descansar em paz, pois de certa forma a memória dele sempre estará viva em mim e nos meus familiares, assim pude me libertar de um amor que chegou a ser obsessivo ao ponto de em determinadas situações eu desejar dar fim a minha própria vida para enfim reencontrá-lo.

Deus atendeu minhas preces, abrindo os meus olhos e mandando um substituto a altura para o meu mais que amado e idolatrado avô, só há um problema, pobre do cidadão (meu tio), terá que aguentar todas as minhas manifestações de afeto e ouvir todas as palavras de amor, carinho e orgulho que eu não disse ao meu avô. Por eu ser intenso demais, tenho certeza que chegará ao ponto da chatice e de ele me pedir para "dar uma segurada" no amor excessivo.

No começo, foi um pouco difícil para que eu pudesse lidar com essa descoberta, pois ambos possuem o mesmo timbre de voz, mesmo jeito de olhar nos olhos e exigir de quem conversa com eles o mesmo, mesma forma de não gostarem que alguém profira repetidamente as mesmas palavras, mesma forma de jogar o rosto na sua boca, para ganhar beijo, quase exigindo um beijo no rosto.

Esse já pontuado começo, me foi muito doloroso e me levou ao pranto diversas vezes, quase que não acreditando no que meus olhos estavam me mostrando.

Terminando de fundamentar meu texto para fazer ainda mais sentido, é incrível como tanto eu, meu tio e avô, somos pessoas difíceis de lidar. O que me leva a perdoar todas as pessoas que fizeram algo de ruim ou destrataram a minha pessoa, pois lidando com eles (tio ou avô) eu vejo a dificuldade que é lidar comigo mesmo.

Obrigado Deus por ser tão perfeito e manter eternamente viva a memória do meu mais do que amado e idolatrado avô.

"Vai minha tristeza

E diz a ela que sem ela não pode ser

Diz-lhe numa prece

Que ela regresse

Porque não posso mais sofrer

Chega de saudade

A realidade é que sem ela

Não há paz Não há beleza

É só tristeza e a melancolia

Que não sai de mim

Não sai de mim

Não sai

Mas, se ela voltar

Se ela voltar que coisa linda!

Que coisa louca!

Pois há menos peixinhos a nadar no mar

Do que os beijinhos

Que eu darei na sua boca

Dentro dos meus braços, os abraços

Hão de ser milhões de abraços

Apertado assim, colado assim, calada assim,

Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim

Que é pra acabar com esse negócio

De viver longe de mim

Não quero mais esse negócio

De você viver sem mim

Vamos deixar esse negócio

De você viver sem mim..."

Gui Machado e Vinicius de Moraes
Enviado por Gui Machado em 18/10/2015
Reeditado em 25/10/2015
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