CEM ANOS DE ZUQUINHA

Gente, que barulho bom é esse? Já sei o que é. Agora é hora de tirar o chapéu e agradecer ao bondoso Pai, Deus nosso criador; ao nosso Bom Jesus da Lapa e à Santíssima Mãe Maria por mais este ano em minha vida, vivida entre o aprender, o gostar e o pelejar. Só tenho a agradecer a Deus, em primeiro lugar e a vocês por festejar comigo, com tanta alegria.

Aqui, ancorei-me na generosidade de vocês, há cem anos passados; graças ao meu pai Hermínio e a minha mãe Francisca. Que Deus os tenha em sua Glória! Cheguei, José Rodrigues da Silva e estou até hoje honrando o nome que me deram. Elza ( a Zazinha), foi o meu porto seguro por muitos anos; e juntos colocamos no mundo Sônia Arlete, Silvany, Edmar, Josemar, Silvinha, Ednaldo, Silmênia e Vânia. E antes de tudo, ainda tive Darci, uma filha que está em outro plano de vida. Mas um dia Deus chamou Elza para a sua morada eterna; nos entristecendo aqui e dando um feliz descanso para ela. E como Deus é bom, Ele deixou-me entregue aos carinhos dos filhos. netos e todos os amigos que ainda me restam. E por aqui eu vou devagar e seguindo em frente, de riba para baixo e de baixo para riba; nos cuidados da hoje minha mãe Ide ( Silvany); Netinha, minha grande e generosa cunhada e as outras filhas; vez por outra tomando um caneco d'água fria; sempre procurando pela minha mala que tá no sótão, cheia de romances e histórias; um pouco diferentes das histórias que a minha neta Irma escreve e apresenta para o mundo; mas de iguais ensinamentos. Enquanto isso, Naldo vigia meus bois; Má trabalha no Goyaz, junto com Lete; e ainda tem as outras meninas e meninos por aqui a me ajudar.

Nesses cem anos de labuta, entre enganos e desenganos, busquei merecer cada dia que Deus me deu; transitando de cavalo, lombo de burro, canoa, ajôjo, lancha, vapor, jeep, jardineira, camionete, caminhão, ônibus e outros carros; na Lapa, Porto Novo, Santa Maria da Vitória, São Félix, São José, Correntina e por esse mundo afora; sempre negociando para ter o pão de cada dia e o sustento da família; comerciando no atacado e no varejo; pensando em juntar dinheiro para ficar rico. Não juntei dinheiro mas fiquei rico. Agora que se passaram cem anos, percebo que a minha riqueza são vocês e o carinho de cada um.

Entre um cochilo e outro que me acontece, revejo a transformação que se deu aqui nessa minha terrinha; relembro os mata burros, as pontes de madeiras, as grotas na rua da Furzaca, com o hospital, o prédio escolar; as festas, os arvoredos e tanta gente amiga que se foi para outra vida. Ainda vejo Satu preparando os retornos de garrafas; os caminhões de Bolivar, Josélio, Dirceu, Badeco, Elias e outros; as usinas de algodão e arroz. Vejo também a transformação do povo e fico parecendo um velho gagá, pois sou do tempo em que homem tinha palavra, mulher sabia fazer café e governante se respeitava. Hoje muita coisa mudou em tudo e em todos, e não sei aonde isso vai parar; pois sumiram com muita coisa valiosa como o caráter, a honra, o bem querer, o respeito; bam, bam, bam caixa de fosco!

Mas o próprio tempo me ajuda a lembrar ( olhando para a rua aonde tanto morei) de pessoas como Vital Mendonça, Sinhorinha,Seu Té, Tião pé de foice, Augusto, João Bode, Sianinha de Gusmão, Avelino, Ti, Betinha, Tulinha, Babujo, Corina, Adolfo, Antero, Rosa de Antero, Maria de Almada, Nita, Anselmo, Savita ( Vitalina), Odílio Rocha, Félix, Dóca, Donta, Viturino, Franco, Jonas Vieira, Deoclécio, Didi, Duda, Mário de Cabôco, meu mano Tão, Ana de Tão, Estácio,Maria Nova, Dida, Lino, Dóda, Vadu, Zé de Cabôco, Joza, Nô de Mário, o velho Cabôco, Jaime

Moreira, Zequinha, Mestre Alvino, Hermanegildo, Biu, o companheiro Quinca Neto, Diolino, Josmira, Quinca de Adelino, Mariano... e tantos outros da minha rua, que a memória agora falha. E ainda escuto Cascatinha & Ana cantando Flor do Cafezal, como se ainda tocasse no rádio, agora.

Andando um pouco mais, relembro bem de outras pessoas amigas que já estão na eternidade; muitos eram da família ou velhos amigos, como Mineiro, a nega Maria ( Dinha); D. Sianinha, Seu Guilé, Helvécio e Osvaldo Rocha, Pedro Guerra, João do Fino, Otaviano, o amigo e concunhado Osvaldo França, velha amizade desde 1937; companheiro de grandes viagens e negócios; muito me ajudou junto à justiça, na recuperação de uma casa alugada e deteriorada pelo inquiLino. Nas tardes quentes de muito calor, reuníamos sempre na porta da loja de tecidos de Osvaldo França, numa grande rodada de amigos, falando de negócios, pecuária, política etc...;e, sem sabermos, ali formávamos o que foi a primeira universidade frequentada pelo autor que escreve este singelo texto. Ajudamos a formar muita gente para o bem.

E assim amigos, a vida me veio, seguiu e vai seguindo há um século, graças a Deus! Isso é para poucos. Vi muita transformação nesta terra querida. Hoje os meninos tomam conta do lugar dos velhos; a vida passa como o nosso rio, mas só o Divino Pai Eterno sabe qual dia vai nos chamar, para daqui passarmos. Hoje estou rico e feliz com o carinho de vocês. E aqui, no meio de tantos que já são pais; percebo que também sou para todos um grande pai, na permissão do Pai Maior que é DEUS.

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O meu tio Zuquinha completou 100 anos de vida, no último dia 10 de agosto de 2015; tendo o seu aniversário sido comemorado de forma magistral, em Correntina, nos dias 08 e 09 de agosto. Mesmo tendo sido convidado para a grande festa, infelizmente não pude comparecer. O texto acima foi a forma que encontrei para me fazer presente ao ato.

Alorof.

Alorof
Enviado por Alorof em 15/08/2015
Código do texto: T5347767
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