STANLEY KRAMER

Dentre os cineastas norte-americanos você foi, com certeza, um dos mais humanos, ombreando com Frank Capra, Walt Disney e Charles Chaplin na nobreza dos temas escolhidos.
Em "Matar ou morrer" (High noon) você enobreceu o faroeste ao mostrar um homem honrado diante da opção radical: fugir e se desonrar, ou ficar para defender a cidade até a própria morte, como era seu dever como xerife?
Em "Adivinhe quem vem para jantar" (com Spencer Tracy e Katherine Hepburn, além de Sidney Poitier) você afrontou o racismo norte-americano ao mostrar um negro casando com uma branca - e branca bonita e pertencente a familia de recursos.
Em "Deu a louca no mundo" você pôs a nu o vício da cobiça desenfreada pelas riquezas, que coloca pessoas honestas em seu dia-a-dia tornando-se criminosas de uma hora para outra por lhes surgir a oportunidade de enriquecimento fácil.
Em "Abençoai as feras e as crianças" você mostrou o quanto o homem pode ser cruel com a natureza e como é possível dar a própria vida para defender os animais.
Em "O selvagem" (The wild one) com Marlon Brando, você penetrou no tema delicado da juventude transviada.
Em "Os cinco mil dedos do Dr. T" você circulou pelo maravilhoso mundo da fantasia infantil.
Em "Cirano de Bergerac", capa-e-espada, você focalizou o drama do amor silencioso, por julgar impossível o seu objeto.
Em "The men" (no Brasil, "Espíritos indômitos"), que lançou Marlon Brando no cinema, focalizou a questão da deficiência física (tetraplegia) e sua superação.
Em "A nau dos insensatos" você fez uma amostragem da humanidade com seus vícios e virtudes.
Todos os seus filmes, realizados da década de 40 até a de 70, foram bons, humanistas e categorizados.
Você faz muita falta no moderno cinema norte-americano que tanto decaiu artistica e moralmente nas últimas décadas.
Stanley Kramer (1913-2001)