A cidade de minha infância EC
Já era a imensa... cidade da garoa. Lá fiquei com a família até mais ou menos cinco anos.
Depois meu pai arrumou emprego na Rhodia e nos mudamos da Vila Guileherme, para Santo André, na Vila Scarpeli. Ficamos ali pouco menos de uma ano e mudamos para o Parque das Nações, próximo a Igreja Senhor do Bonfim. Pouca gente, mas gente afável. Encontramos amigos, também inimigos.
Ali frequantei uma escola, que funcionava na sede deu clube de dança: era um salão enorme. Não era grátis. A escola pública não tinha vaga e a que tinha era longe demais e eu era muito pequena para ir sozinha; meus pais pagavam para eu poder aprender um pouco mais, pois com seis anos já sabia ler e escrever, sob o domíinio da cartilha Sodré... da Pata Nada . De lá fui para uma escola pública na mesma rua... As paredes de cor bege, chão da sala de aula era encerado...brilhava. As cerâmicas vermelhas dos corredores pareciam espelhos. Nenhum papel no chão... Rezávamos todas as manhãs na entrada e na saída o Pai Nosso, depois cantávamos o hino de Santo André, perfilados, em ordem, numa espécie de volta à calma após a correria anterior. Todos uniformizados, com sua pasta, com o devido pratinho, talher, e copo para a àgua. Nessa escola fiquei até o terceiro ano e depois fui para o grupo escolar Carlina Caçapava de Melo. As mesmas especificações, a mesma limpeza, a mesma disciplina. Brincávamos de lenço atrás, piques, de esconde-esconde, túnel, de roda, brincávamos de cantar no recreio. As lições, em sala, eram dadas em absoluto silêncio. Lá íamos para aprender e não para brincar, o que devíamos fazer no páteo ou em casa... Obediência total aos professores... Pelo envolvimento havia pouca criança indisciplinada... ninguém, queria conhecer o quarto escuro. Local de castigo. Não me lembro de alguém ter ficado ali de castigo.
Santo André foi a cidade da minha infância, da minha adolescência, da minha juventude. É a minha cidade até hoje embora não more em suas terras.
Na minha infância eu não podia brincar na rua, não! Minha mãe e meu pai não deixavam. Minha mãe saía para trabalhar e me deixava cuidando dos mais novos e dizia que na rua tinha o "barbudo" que pegava criança que desobedecia os pais e também tinha o soldado que levava os vadios pra cadeia. Eu e meus irmãos sequer pensava em conhecer o barbudo ou ver o soldado. Rapidinho obedecíamos minha mãe.
Quando minha mãe estava por perto a felicidade era imensa pois podíamos brincar na rua com as amiguinhas. Aí a rua criava vida e sons. A gritaria era total. O esconde-esconde, o pega-pega, as cantorias infantis, o lença atrás, o passa anel sentados na calçada, meninos e meninas... Pular corda, corrupio , um dengo...
Em Santo André da minha infância fiz o catecismo, católico, em que a freira que orientava era uma criatura linda e amorosa e ministrava suas orientações com canções religiosas e depois ao final nos permitia o entrosamento social. E bricávamos. E cantávamos...
Lembro-me que meu pai aos domingos nos levava para passear pelos morros da cidade, para apreciarmos a paisagem. A terra vermlha, a vista da cidade lá longe era o máximo para mim. Via as casinhas pequenas pela distância e coloridas, quase apagadas. Muitas árvores.
O Natal em família, pobre, era menos pobre por conta dos presentes de Natal que meu pai recebia da firma onde trabalhava, a Rhodia.
A cidade de minha infância era uma cidade industrial em crescimento, agitada, cheia de planos. A escola onde estudei o quinto ano do grupo escolar, hoje E.E. Américo Brasilense sofreu alterações na pintura, mas a estrutura é a mesma. Mas a disciplina passa longe de lá.
Santo andré da minha infância tem árvores até hoje margeando o rio Tamanduateí, mal cheiroso, sim, mas repleto de árvores, verdes, floridas, que a poluição não consegue destruir.
Santo André da minha infância ainda tem a chácara do Jaffet, hoje um parque infantil, onde eu ia passear aos domingos e brincar sob as árvores e com meus irmãos.
Santo André da minha infância tinha o cinema da Rhodia às quartas-feiras, onde minha mãe levava as crianças para assistir a filmes grátis para nos distrair. Íamos em grupos, duas , três senhoras e minha mãe, íamos a pé conversando, brincando, contando vantagens.
Não tenho saudade, pois ainda vivo próximo, e tudo ainda resolvo lá, meu marido ainda trabalha nesta cidade maravilhosa, e meus netos já estudaram em Santo André. Revejo todos os dias esses momentos cada vez que passo por um prédio importante para mim.
A cidade da minha infância portanto é Santo André, livre terra querida...Forja ardente de amor e trabalho....Em teu solo semeias a vida... Em teu lares há pão e agasalho... Esses são os primeiros versos do hino da cidade.
Este texto faz parte do Exercício Criativo - A Cidade de Minha Infância
Saiba mais, conheça os outros textos:
http://encantodasletras.50webs.com/acidadedaminhainfancia.htm
Já era a imensa... cidade da garoa. Lá fiquei com a família até mais ou menos cinco anos.
Depois meu pai arrumou emprego na Rhodia e nos mudamos da Vila Guileherme, para Santo André, na Vila Scarpeli. Ficamos ali pouco menos de uma ano e mudamos para o Parque das Nações, próximo a Igreja Senhor do Bonfim. Pouca gente, mas gente afável. Encontramos amigos, também inimigos.
Ali frequantei uma escola, que funcionava na sede deu clube de dança: era um salão enorme. Não era grátis. A escola pública não tinha vaga e a que tinha era longe demais e eu era muito pequena para ir sozinha; meus pais pagavam para eu poder aprender um pouco mais, pois com seis anos já sabia ler e escrever, sob o domíinio da cartilha Sodré... da Pata Nada . De lá fui para uma escola pública na mesma rua... As paredes de cor bege, chão da sala de aula era encerado...brilhava. As cerâmicas vermelhas dos corredores pareciam espelhos. Nenhum papel no chão... Rezávamos todas as manhãs na entrada e na saída o Pai Nosso, depois cantávamos o hino de Santo André, perfilados, em ordem, numa espécie de volta à calma após a correria anterior. Todos uniformizados, com sua pasta, com o devido pratinho, talher, e copo para a àgua. Nessa escola fiquei até o terceiro ano e depois fui para o grupo escolar Carlina Caçapava de Melo. As mesmas especificações, a mesma limpeza, a mesma disciplina. Brincávamos de lenço atrás, piques, de esconde-esconde, túnel, de roda, brincávamos de cantar no recreio. As lições, em sala, eram dadas em absoluto silêncio. Lá íamos para aprender e não para brincar, o que devíamos fazer no páteo ou em casa... Obediência total aos professores... Pelo envolvimento havia pouca criança indisciplinada... ninguém, queria conhecer o quarto escuro. Local de castigo. Não me lembro de alguém ter ficado ali de castigo.
Santo André foi a cidade da minha infância, da minha adolescência, da minha juventude. É a minha cidade até hoje embora não more em suas terras.
Na minha infância eu não podia brincar na rua, não! Minha mãe e meu pai não deixavam. Minha mãe saía para trabalhar e me deixava cuidando dos mais novos e dizia que na rua tinha o "barbudo" que pegava criança que desobedecia os pais e também tinha o soldado que levava os vadios pra cadeia. Eu e meus irmãos sequer pensava em conhecer o barbudo ou ver o soldado. Rapidinho obedecíamos minha mãe.
Quando minha mãe estava por perto a felicidade era imensa pois podíamos brincar na rua com as amiguinhas. Aí a rua criava vida e sons. A gritaria era total. O esconde-esconde, o pega-pega, as cantorias infantis, o lença atrás, o passa anel sentados na calçada, meninos e meninas... Pular corda, corrupio , um dengo...
Em Santo André da minha infância fiz o catecismo, católico, em que a freira que orientava era uma criatura linda e amorosa e ministrava suas orientações com canções religiosas e depois ao final nos permitia o entrosamento social. E bricávamos. E cantávamos...
Lembro-me que meu pai aos domingos nos levava para passear pelos morros da cidade, para apreciarmos a paisagem. A terra vermlha, a vista da cidade lá longe era o máximo para mim. Via as casinhas pequenas pela distância e coloridas, quase apagadas. Muitas árvores.
O Natal em família, pobre, era menos pobre por conta dos presentes de Natal que meu pai recebia da firma onde trabalhava, a Rhodia.
A cidade de minha infância era uma cidade industrial em crescimento, agitada, cheia de planos. A escola onde estudei o quinto ano do grupo escolar, hoje E.E. Américo Brasilense sofreu alterações na pintura, mas a estrutura é a mesma. Mas a disciplina passa longe de lá.
Santo andré da minha infância tem árvores até hoje margeando o rio Tamanduateí, mal cheiroso, sim, mas repleto de árvores, verdes, floridas, que a poluição não consegue destruir.
Santo André da minha infância ainda tem a chácara do Jaffet, hoje um parque infantil, onde eu ia passear aos domingos e brincar sob as árvores e com meus irmãos.
Santo André da minha infância tinha o cinema da Rhodia às quartas-feiras, onde minha mãe levava as crianças para assistir a filmes grátis para nos distrair. Íamos em grupos, duas , três senhoras e minha mãe, íamos a pé conversando, brincando, contando vantagens.
Não tenho saudade, pois ainda vivo próximo, e tudo ainda resolvo lá, meu marido ainda trabalha nesta cidade maravilhosa, e meus netos já estudaram em Santo André. Revejo todos os dias esses momentos cada vez que passo por um prédio importante para mim.
A cidade da minha infância portanto é Santo André, livre terra querida...Forja ardente de amor e trabalho....Em teu solo semeias a vida... Em teu lares há pão e agasalho... Esses são os primeiros versos do hino da cidade.
Este texto faz parte do Exercício Criativo - A Cidade de Minha Infância
Saiba mais, conheça os outros textos:
http://encantodasletras.50webs.com/acidadedaminhainfancia.htm