ROSA NO CÉU
José Célio Guimarães
 
    Na tela da lembrança, vejo e a sinto bem presente, com bastante nitidez.
    Alegria em seu estado natural. Colorida, forte, perfumada... Mágica.
  Talvez, por ser sagitariana, nunca tenha dado atenção ao câncer que cruelmente a consumia.
    Parecia estar hospitalizada por excesso de saúde. A solidão, no Barão de Lucena, ela compensava amando a todos: familiares, pacientes, zeladores, médicos e visitantes. Aos que tinham fardas iguais a sua ela contava histórias e “causos” no corredor da ala três. Para os zeladores sempre tinha ouvidos e não faltavam palavras para os reclamos do dia a dia. Para mim, aqueles olhos brilhantes e abraços que aquecem corações. Para todos, muito humor. Ao fotógrafo da revista especializada em saúde ela falou: Por que você não leva o próprio caroço ao invés da foto. Ao perceber que havia emocionado aquele senhor, ela suavizou: “Deixa para lá, só com a foto fica melhor o manuseio da revista”.
      Em casa, no seu leito, com pouco peso, poucos cabelos, pouca energia, foi tornando-se semente. Eu a desenhava nas folhas de papelão. Ela aconselhava o mano caçula. Fortificava-se com as palavras e escritos das pessoas amigas. Papai sofria o futuro, pois a luz do amor que dela emanava, mesmo naqueles dias, não permitia sombras no presente. Foi uma vela que não importou de consumir-se, a chama era o que contava. Foi semente que soube esperar seu momento de plantio.
      Maria Rosa Guimarães, mulher de amizades eternas. Enquanto mãe, revelação foi da verdade do amor Divino. Com certeza aquela Rosa floresceu no céu. Era rosa sem espinhos.
Célio Guimarães
Enviado por Célio Guimarães em 09/10/2014
Reeditado em 09/10/2014
Código do texto: T4992857
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