DORINHA ARAÚJO

Queria eu que meus versos fossem bobos, simples, e também jograis.

Como dizes que são os teus, queria que os meus falassem, do frescor,

Das tardes de outono, a propagar as alfombras que acolchoam a terra.

Esses espetáculos das folhas secas a formar esses lindos e suntuosos,

Esses tapetes, que ornam e vestem a natureza com seus trajes de gala!

Que minha rima sejam, pueris,não essas algazarras que ficam saltitando,

Na minha alma a pedir passagem aos versos, que refletem a dor alheia.

Essas intemperanças, esses tristes açoites , que satirizam as criaturas.

Queria que meus versos fossem, essas cirandas, e não esses tormentos,

Que pedem passagem,que ficam preterindo as metáforas, no intuito que, As verdades sejam, vistas nuas e cruas como é a vida, e sem camuflar,

A minha a poesia entre essas quimeras, entre essas falseadas utopias.

Queria que meus versos fossem tolos,a capturarar, tentar ser essa voz,

Esses ecos,de luzes, e tivesse dos mesmos perfumes, que tem os teus.

Que não se detivesse nas tristes sinaleiras, nesses impassíveis alcoices.

Queria que minha poesia fosse apenas brisas que sopram as primaveras.

Que fosse esse paraíso, esse jardim de infância que florescem a poesia!

E não há pretensão alguma, queria que os meus versos fossem esse Sol, Que aquecem as almas, livres deses invernos que maculam as criaturas.

Ante essas tristes aflições, desses silêncios,sevos, estéreis, insensíveis.

A abrir as cicatrizes na alma a criar históricos de abandono,e de solidão!

Queria que meus versos, como diz ser os teus, fossem ingênuos, e que, Não revela-se, deprimidas agonias desses pais diante dessas paisagens.

Improcedentes, repercussões, que brotam dos choros de seus filhos,

Apelos que esmolam alimentos que possam mitigar as sedes e as fomes.

Ambicionava que minha poesia fosse versos chocarreiros, bucólicos que, Se debruçam nas, gangorras, nas tardes de Sol de domingo, quando as, Famílias declamam a sua máxima poesia, que são essas belas harmonias, Corações em afinidades, esses laços que estreitam esses elos, de amor.

De inspiração legítima que rima júbilo com amizade,afetuosas plenitudes.

Queria sim, que meus versos fossem tolos,e que não registrassem esses Anátemas sádicos que achincalha as criaturas humanas e as humilham.

E as arrastam infelizes para esses abismos de intolerância, e abandono .

Queria que meus versos tivesse um punhado de Sol que ilumina os teus.

Albérico Silva