O poeta António Ramos Rosa - Prémio Pessoa 1988 - autor de quase uma centena de
títulos,
é considerado uma das maiores figuras da poesia portuguesa contemporânea.
 



Os poetas não morrem...

Um dia um homem escreveu que os poetas morrem...
Esse homem partiu hoje, aos 88 anos, em Lisboa.
Uma vida feita de muita obra, pensamentos, estudos...

Não era apenas um homem. Não era apenas um poeta.
António Ramos Rosa era Poesia.
António Ramos Rosa é Poesia...
Ao contrário do que um dia escreveu,
António Ramos Rosa está vivo
na poesia que deixou ao mundo.
Descansa em paz, Poeta.
.. Muitas saudades nos deixas,
num ano que tem sido horribilis, repleto de perdas,
no mundo das Letras.



 
 

 
O MESMO ARCO
 
Eu diria que não vejo nada e que não sei.
Algo está suspenso. A hora repousa.
Eu quero estar vivo como uma ferida, como um signo,
não mais do que um rumor de coisa nua.
Neste momento nada é confuso e opaco.
Os labirintos são trémulos, transparentes.
Dir-se-ia que atravesso um jardim e toda a vida
repousa entre as forças da cinza
e o fulgor da chama. E adormeço
sentindo a beleza e o tempo,
o mesmo arco iluminado.”


 António Ramos Rosa, in "Acordes"

 
Ana Flor do Lácio e António Ramos Rosa
Enviado por Ana Flor do Lácio em 23/09/2013
Reeditado em 23/09/2013
Código do texto: T4494955
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