Querido Velho Tropeiro

Meu querido, velho tropeiro,
quanta saudade de te ver levantar, as quatro horas da manhã,
e no teu grande galpão,
enquanto ardia o fogo de chão,
Tu cevavas o teu mate,
o teu sempre chimarrão.
Me passavas a cuia, encilhavas o cavalo,
para partir para fronteira,
no teu petiço alazão.
A mala de garupa já pronta,
sobre o lombo do teu cavalo,
calçavas tuas botas, com aquela bombacha cinza,
costurada pela Maria.
Teu lenço branco chimango,
de seda com o nó bem folgado,
para não atrapalhar o velho barbicacho.
do teu chapéu de aba larga, alargado.
Quando vestias teu pala de lã listrado,
sabia que era chegada a hora.
“te cuida minha velha” dizias para vovó,
me entregava um punhado de balas, minha testa beijava,
e sorrias teu riso tranquilo.
Montavas no teu alazão com a capa preta,
que teu cavalo abraçava.

Meu tropeiro, meu velho querido,
com teus cachorros companheiros de jornadas,
levantavas a mão em um “tchamanhã” de saudade.
Partias rumo à fronteira do teu Rio Grande, tão grande.
Muita chuva, muito frio nessa viagem cansada.
Ao longe eu via teu vulto sumindo na névoa da manhã fria.
Já esperava tua volta.
Depois de longos dias, voltavas,
trazendo junto a boiada.
Sabia quando chegavas, pelo barulho da cachorrada.
Quanta saudade, meu velho tropeiro,
de por ti ser abraçada.
E aonde quer que tu estejas. meu “vô”,
tua arte será lembrada, vivo estarás em meu coração,
para sempre serás amado.

- Te amo Velho Tropeiro!!