Historia da batalha de "Os Miseráveis", contada no ponto de vista da  "barricada".
Homenagem ao livro de Victor Hugo e ao filme "Os miseráveis", feita pela minha filha de 13 anos, pétala da minha vida.


A BARRICADA DA REVOLUÇÃO

Hoje os trabalhadores oprimidos tiveram um combate com o exercito real. Me lembro bem de como montaram a barricada, trazendo a maior quantidade de móveis possíveis para me formam, para que eu pudesse ao menos tentar protegê-los.

Eles se prepararam com tudo o que tinham, mas mesmo assim, a guarda real era mais equipada, e estava em maior número. Tudo que restava aos revolucionários seria a amizade e confiança no seu povo.
Eu ouvia eles cantarem:

"Do you hear the people sing? Singing the song of angry men. It's the music of the people who will not be slaves again! When the beating of your heart, echoes the beating of the drums, there is a life about to start when tomorrow comes!"

Entre os homens, havia um menino, com cabelo embaraçado loiro, com dentes tortos e roupas maltrapilhas. Me perguntei o que estaria fazendo ali, no meio dos revolucionários. Ele devia saber que não era um jogo. Que podia morrer, quando na verdade, deveria ter a vida toda pela frente. Mas ele insistiu em ficar ali, e defender seu país.

"Vive La France! Vive La France!" Ele gritava para seus companheiros. Um menino muito valente, com certeza. Eu queria protegê-lo.

Os tiros começaram. Os soldados atiravam sem parar, junto com os revolucionários. Vários deles caiam, suas roupas cheias de sangue.
Como eu gostaria de poder protegê-los, mas isso era o máximo que podia fazer por eles.

A noite caiu. Os revolucionários esperavam notícias do espião que haviam mandado para os soldados. Quando voltou, dissera que não haveria ataque naquela noite, o que me deixou feliz, ao saber que teriam mais tempo para se recuperar.

O menininho loiro, chamado Gravoche, se ouvi direito, disse que o espião estava mentindo, e que na verdade era inspetor Javert. Isso significava que haveria sim, uma luta naquela noite.

Por mais que gostaria, não estava enganado. Os soldados franceses haviam chegado, e recomeçou  a batalha, com balas sendo atiradas pelos dois lados.
Foi então que notei uma menina, que aparentava ser bem pobre, chegar perto de mim, com uma carta em suas mãos. Ela fazia o seu melhor para desviar das balas, mas era complicado, já que estava de noite e ela parecia exausta. Eu queria gritar para que ela fosse embora, não importasse a razão pela qual viera, mas o olhar de determinação nos olhos dela, mesmo que ao mesmo tempo tivesse medo, percebi que mesmo que conseguisse fazer aquilo, ela não iria me escutar.

Mas deveria. Percebi que ela estava tentando chegar perto de um rapaz revolucionário, mas ele sequer olhava para ela. Seus olhos somente foram para ela quando uma bala realmente a atingiu, quando ela tentara protegê-lo.

A mulher caiu, suas roupas manchadas de sangue. O rapaz para qual ela olhava, pegou uma tocha e ameaçou me explodir. Mas se fizesse isso, todos, inclusive ele, os guarda e seus amigos explodiriam junto comigo. As tropas recuaram.
O rapaz foi de encontro à moça, se ajoelhando perto dela, perguntando por que fizera isso. Ao invés de responder ela entregou a carta a ele, dizendo que fora mandada por Cosette. Seria essa a esposa do rapaz? Ela o estava esperando? Eu não sabia, mas de certa forma, entendi que ela tinha escondido a carta, e entendi também, porque ela não havia entregado. O olhar dela respondia. O jeito que os olhos dela brilhavam toda vez que olhavam ao rapaz. Era amor. Amor não correspondido.

Ele implorava a ela que não morresse, dizendo palavras doces de amor, como se esperasse que aquilo curaria as feridas dela. Ela sorriu. Provavelmente nunca imaginou que ouviria o rapaz dizer essas palavras pra ela. Ela adormeceu com aquele sorriso doce e esperançoso. Sem arrependimentos. Ela nunca mais acordou.

Começou a chover o que era uma má notícia para os revolucionários, pois seu armamento ficou molhado. Na manhã seguinte a guerra recomeçou. Como estavam com pouco armamento, de repente Gravoche se levantou e começou a me escalar.

Ele ignorava os gritos de seus companheiros implorando para voltar, onde estaria em segurança; e se desviava das balas dos adversários como se fosse uma brincadeira. Ele pegava as balas que já haviam sido usadas. Eu começava a imaginá-lo como se fosse invencível. Um anjo invisível da revolução, mas quando estava escalando de volta, uma bala o atingiu. Ele e seus companheiros gritaram. Gravoche tentou se pôr de pé, mas foi atingido de novo, caindo. Um de seus companheiros correu para perto de seu corpo, mas já era tarde.

A batalha terminou com a vitória dos soldados. Eu não conseguira protegê-los afinal.

Na manhã seguinte à batalha, vi Inspetor Javert se agachar perto do corpo do pequeno Gravoche, colocando nele uma de suas medalhas de honra, como se aquele menino fosse um grande herói da guerra; o que não estava longe da verdade.

Lembrei-me da música que os revolucionários cantavam para se sentir melhor antes da batalha:

"Do you hear the people sing? Singing the song of angry men. It's the music of the people who will not be slaves again! When the beating of your heart, echoes the beating of the drums, there is a life about to start when tomorrow comes!"

A tradução dessa letra é:

"Você ouve as pessoas cantando? Cantando a musica dos revolucionários. É a música das pessoas que não serão escravos de novo! Quando a batida do seu coração ecoa a batida dos tambores, há uma vida a ponto de começar quando o amanhã chegar!"

O que mais me deixava triste nisso tudo era que eles sonhavam com revolução. Queriam mudar sua vida. Sonhavam com um amanhã!

Mesmo assim, o amanhã, não chegou para a maioria deles...
Stephanie Masson Cardozo
Enviado por Railda em 26/05/2013
Reeditado em 29/01/2016
Código do texto: T4310185
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