MÃES MÁS

O texto, a seguir transcrito, foi publicado recentemente por ocasião da morte estúpida de Tarcila Gusmão e Maria Eduarda Dourado, ambas de 16 anos, em Maracaípe Porto de Galinhas. Depois de 13 dias desaparecidas, as mães revelaram desconhecer os proprietários da casa onde as filhas tinham ido curtir o fim de semana. A tragédia abalou a opinião pública e o crime permanece sem resposta.

(Dr. Carlos Hecktheuer, Médico Psiquiatra)

“Um dia quando meus filhos forem crescidos o suficiente para entender a lógica que motiva os pais e mães, eu hei de dizer-lhes: Eu os amei o suficiente para ter perguntado aonde iam, com quem iam e a que horas regressariam.

Eu os amei o suficiente para não ter ficado em silêncio e fazer com que eles soubessem que aquele novo amigo não era boa companhia.

Eu os amei o suficiente para fazê-los pagar as balas que tiraram dos supermercados ou revistas do jornaleiro, e os fazer dizer ao dono: “Nós pegamos isto ontem e queríamos pagar, ou devolver”.

Eu os amei o suficiente para ter ficado em pé, junto deles, duas horas, enquanto limpavam o seu quarto, tarefa que eu teria feito em 15 minutos.

Eu os amei o suficiente para deixá-los ver além do amor que eu sentia por eles, o desapontamento e também as lágrimas dos meus olhos nos momentos mais difíceis.

Eu os amei o suficiente para deixá-los assumir a responsabilidade das suas ações, mesmo quando as penalidades eram tão duras que me partiam o coração.

Mais do que tudo, eu os amei o suficiente para dizer-lhes NÃO, quando eu sabia que eles poderiam me odiar por isso (e em alguns momentos até odiaram).

Essas eram as mais difíceis batalhas de todas. Estou contente, VENCI... Porque no final eles VENCERAM também! E em qualquer dia, quando meus netos forem crescidos o suficiente para entender a lógica que motiva os pais e mães; quando eles lhes perguntarem se sua mãe era má, meus filhos vão lhe dizer:

“SIM, NOSSA MÃE ERA MÁ. ERA A MÃE MAIS MÁ DO MUNDO...

As outras crianças comiam doces no café e nós só tínhamos que comer cereais, ovos, torradas.

As outras crianças bebiam refrigerantes e comiam batatas fritas e sorvetes no almoço e nós tínhamos que comer arroz, feijão, carne, legumes e frutas. Mamãe tinha que saber quem eram nossos amigos e o que nós fazíamos com eles O TEMPO TODO.

Insistia que lhe disséssemos com quem íamos sair, mesmo que demorássemos apenas uma hora ou menos. Ela insistia sempre conosco para que lhe disséssemos sempre a verdade e apenas a verdade.

E quando éramos adolescentes, ela conseguia até ler os nossos pensamentos. A nossa vida era mesmo chata!

Ela não deixava os nossos amigos tocarem a buzina para que saíssemos; tinham que subir bater à porta, para ela conhecê-los.

Enquanto todos podiam voltar tarde, tarde da noite com 12 anos, tivemos que esperar pelo menos 18 para chegar um pouco mais tarde, e aquela chata levantava para saber se a festa foi boa (só para ver como estávamos ao voltar).

Por causa de nossa mãe, nós perdemos imensas experiências na adolescência.

Nenhum de nós esteve envolvido com DROGAS, EM ROUBO, EM ATOS DE VANDALISMO, EM VIOLAÇÃO DE PROPRIEDADE, NEM FOMOS PRESOS POR NENHUM CRIME. Por causa de nossa mãe, nós perdemos imensas experiências que a maioria dos jovens passa hoje na adolescência.

FOI TUDO POR CAUSA DELA!

Agora que já somos adultos, honestos e educados, estamos fazendo o melhor para sermos “PAIS MAUS”, COMO MINHA MÃE FOI.

Eu acredito que este é um dos males do mundo de hoje: NÃO HÁ MÃES MÁS SUFICIENTES!

Aquelas que já são mães, que não se culpem isto chama-se, EDUCAÇÃO e aquelas que serão que isso sirva de ALERTA!

AO PASSAR POR AQUI FICARIA FELIZ DE VER SEUS COMENTÁRIOS E CONSIDERAÇÕES SOBRE O TEMA ABORDADO. ABRAÇOS.

Carlos Hecktheuer
Enviado por ETY MORAES em 12/05/2012
Reeditado em 12/05/2012
Código do texto: T3663850
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