DIA DE CHUVA

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"Você diz que ama a chuva, mas você abre seu guarda-chuva quando chove. Você diz que ama o sol, mas você procura um ponto de sombra quando o sol brilha. Você diz que ama o vento, mas você fecha as janelas quando o vento sopra. É por isso que eu tenho medo. Você também diz que me ama"

William Shakespeare

Chove muito, muito chove pelo mundo afora onde vejo o mundo que me alcança, a dança dos pingos sobre o asfalto num sonoro repicar, repetitivo, triste, sem sol, faz-me lembrar... De tantas coisas lembro-me de vez da vez primeira, de coisas perdidas nas brumas do tempo, que sem tempo para algo mais, prendo o tempo em meu recordar... Uma vez ou outra o vento do mar vai açoitando os coqueiros, as árvores e tudo que vem em frente, açoita também o meu recordar... Na rua lamacenta o trânsito escorre pelo sinal aberto, sem buzinas, até parece existir um toque de respeitoso silêncio daqueles que ao volante se quedam, e condizem com a espetacular outridade pelo dia que chora... Ah pensamento meu que pensa... De onde vens saudade infinda, acrescida de fugaz remanso ainda, sobranceira, te beiraste sobre a neblina, umedecida por meu pranto mesmo assim. Não quero fugir deste momento solene que domina a mim, a outros, e a oportunos sofreres. Cumulus nimbus se acumulam porque muita chuva vai ter de mais verter, é esta a ordem, é este o clima que agora clama em diretas proclamas: é tempo de espera, em seguidas esferas, restamo-nos nós ao sabor do frio que ora se avizinha...

A meu saudoso amigo Armando Pacheco Filho, desde a faculdade me aturou e a ele aturei também, poeta e escritor que há um ano nos deixou.

Carlos Lira

Agora escuta esta música, é tão triste como está sendo este dia:

http://www.youtube.com/watch?v=mxvCAZ7XQSI

clira
Enviado por clira em 30/04/2012
Reeditado em 23/08/2017
Código do texto: T3642501
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