ROQUE SANTANA - DOIS ANOS DE SAUDADE

ROQUE SANTANA

Disse um dia o poeta: “Os covardes morrem várias vezes antes da sua morte, mas o homem corajoso experimenta a morte apenas uma vez”.

Roque Santana, enquanto viveu nunca se acovardou diante dos obstáculos e intempéries da vida. Nunca se deixou “morrer” diante das dificuldades... Era um incansavel e determinado na busca da excelência e sempre lutou com bravura e coragem sem apear da ética. Roque não se despediu da vida. A vida é que se despediu de Roque.

No dizer de Lobo Antunes, uma pessoa só morre quando a última pessoa que a conheceu deixa de falar dela... Por isso Roque Santana se mantém vivo em nossas lembranças.

Ele não se entregou nem desistiu de guerrear contra a morte traiçoeira e covarde que o levou sem lhe dar aviso, ou sem importar com a esposa e filhos que careciam ainda, da sua orientação e da sua proteção. Decerto a morte não levou um homem mofino; levou um grande guerreiro.

Quão sábio foi Fernando Pessoa quando disse: “A vida é uma estrada onde almas se encontram e se separam. A morte é uma curva nessa estrada. Morrer é apenas não ser mais visto”. - Há dois anos perdemos Roque de vista. Segundo Mário Quintana, “O tempo não pára! Só a saudade é que faz as coisas pararem no tempo”.

Hoje, paramos para lembrar e amargar a saudade de Roque Santana. Dois anos sem o seu convívio, sem o seu entusiasmo, sem o seu otimismo e sem a presença do apaziguador que usava o sorriso como arma de conciliação.

Impossível não guardar uma leve tristeza e também uma excelente lembrança. Não será proibido, pois, confessar, que por vezes sentimos muito a sua falta e que houve momentos perfeitos que passaram, mas não se perderam, porque ficaram marcados em nossas vidas. Hoje, com o passar dos dias é patente o vazio e a enorme falta que Roque está fazendo. E pior será ainda, a triste falta que ele fará, dia após dia, a todos os que tiveram o privilégio de conviver e poder contar com sua gentileza magnânima.

Não estou escrevendo sobre um Roque que não cometeu erros; até porque seus erros eram pertinentes à raça humana. Estou tentando escrever sobre um homem que soube viver a vida com alegria. Que amava a sua família de forma incondicional. Que foi leal aos amigos. Que era perfeito no que fazia. Refiro-me ao homem que ajudou tantos outros, como eu, a pensar forte, pensar grande e caminhar em busca do sucesso, pela senda reta, sem pegar atalhos.

Roque era um virtuoso. A sua virtude maior era a generosidade. Tinha uma disposição congênita de fazer o bem e importar-se com os outros. Era sublime a sua benevolência e vontade de fazer deste, um mundo melhor para todos os seus. Era um ser humano que tinha sentimento e bom coração; sabia conversar de coisas simples e era um bom ouvinte.

Roque era um líder que já nasceu feito. Como ninguém, ele sabia usar da influência não coerciva para dirigir as atividades dos membros da família e levá-los à realização dos objetivos de forma positiva. Tinha capacidade de assumir riscos e disposição para tentar o que não foi tentado antes. Gerenciava mudanças e negociava com diplomacia. Tinha uma percepção sutil do que era justo e um profundo respeito aos princípios. Sabia compartilhar razões e fundamentos; mantinha respeito para com as idéias dos outros e sabia harmonizar as palavras, os sentimentos e as ações.

Roque era um permanente cavalheiro, um mestre na arte do bem receber; um anfitrião impecável. Por isso, nunca será esquecido. Homenageá-lo, mais uma vez, é mais que um dever; é minha obrigação. Faço-o com veneração e respeito. Ele está no panteão da nossa história, pela grandeza das suas qualidades.

Agora, o nosso Roque habita a Caso do Senhor e, “Ele enxugará de seus olhos toda lágrima; e não haverá mais morte, nem haverá mais pranto, nem lamento, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas”...

Fique em paz, Roque Santana, aqui ficamos bem e, quando Deus quiser, nós nos veremos outra vez...

Meu eterno abraço.

SP, 16/11/11.

Manoel Rocha Lobo
Enviado por Manoel Rocha Lobo em 10/10/2011
Reeditado em 12/11/2011
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