VERSOS ÍNFIMOS- A AUGUSTO DOS ANJOS (PARÓDIA)
VERSOS INTÍMOS
Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a ingratidão-esta pantera,
Foi tua companheira inseparável.
Acostuma-te à lama que te espera!
O homem que, nesta terra miserável,
Mora entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo! Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja esta mão vil que te afaga,
Escarra nesta boca que te beija!
VERSOS ÍNFIMOS
Vais! Alguém assiste ao admirável
Renascer mesmo em meio à procela.
Somente o amor, excelsa fera,
É tua clava, alva, inexorável.
Silencia-te! A alma, de ti, a vela...
Germinal etéreo, fonte inesgotável,
Divina cor insaciada, indomável,
De tua vontade, querer, à espera
Acenda a luz! Ascenda o doce dardo
Do amor doado, do lado lodo, o escarro.
A vida, amigo! É o mar que em nós veleja
Se ninguém assiste a dor que te deflagra,
Afague mãos que te apedrejam a cara
Dês mel a esta boca que te beija