MEMÓRIAS

MEMÓRIAS

Imagens celestiais tomam forma, cristalizam-se.

Após longo e sepulcral silêncio, revigoram-se

E gritam uníssonas, em desalento.

São corações carentes de anjos e querubins,

Em busca de suas raízes e afins.

Castas almas adormecidas que repentinamente

Acordam, materializando-se do nada

E ainda sonolentas se levantam.

Chegam do limbo, aportam, lentas,

Como ao sabor das ondas do mar,

A vagar, à brisa leve dos ventos.

E no livro da vida, nesse momento,

Rebuscam as memórias dispersas

De um passado desconhecido, distante,

Procurando nos anais da história,

Ajustes a um injusto discrepante,

Que renegou augustos inocentes.

Abrem-se as cortinas do passado,

Amarfanhadas, no palco de pecaminosas ilusões,

Onde o desejo e fulgor da cobiçada carne,

Na adolescência, de forma inesperada,

Por força da carência e da imprudência,

}Despertou impróprias e impudentes paixões.

E a luxúria, xula, essa serpente irracional

Que transcende aos limites da coerência

E envolve a todos com a teia do mal,

Assim contamina inocentes emoções,

Provocando e fomentando discórdias

Misturando auras de glória e auréolas inglórias.

A mim o castigo de não tê-la sequer conhecido,

Maria como a mãe de Cristo, filha nascida,

Distante dos olhos meus e de meus sentidos,

Mas amparada por Seus justos desígnios,

Dele recebeu a graça de belos filhos, tê-los.

E as boas sementes transmudaram,

De heras amargas em doces sabores

E ainda que em solo seco, fraco e árido,

Floraram, fartas, fortes e frutificaram,

E em um lindo pomar de suculentos frutos

A tempo esses entes, se transformaram!

Rose, Rachel e Luiz Felipe, que tiveram a presença e o amor daquela que me foi negado conhecer por força das circunstâncias e de quem, Mariinha, me foi dado o direito de tê-la apenas em um pequeno retrato.

A vocês, minha carinhosa homenagem.

Beijos,

Urias Sérgio de Freitas