IMAGENS E SINAIS DE UM TERRITÓRIO QUE PULSA

Uma homenagem ao trabalho do ESCUTA - Espaço Cultural Frei Tito de Alencar, ao Planalto Pici e a antiga Estrada do Gado (Fortaleza-Ce.). Síntese construída no encontro da "Cirandas de Aprendizagem e Pesquisa" que constituiu a Tese de Doutorado da Dra. Vera Lucia de Azevedo Dantas "Dialogismo e Arte na Gestão de Saúde", da qual sou um dos có-autores.

Vidas que pulsam neste território

Pulsos que fervilham no sangue da gente

Sangue

Gente

Vida e morte

A vida como gargalo

O gargalo da garganta

O sexo das meninas e meninos

As Pedrinas e Pedrinos

As "Pedritas e Pedritos"

Pedras preciosas exploradas nas esquinas

As bocas que gritam

A Garganta que abafa

O grito do desamor em seu apogeu

O amor que tem nome

Os filhos e filhas da fome

Da alegria e da dor

As linguagens

As imagens

Os sinais

O milho e a pipoca

Pipocar de vidas na cultura que o ESCUTA faz

Morte que explode voraz

Pela demência dos instintos animais

O fósforo apagado – a vida por um fio

Pavio do fósforo e da dor

Simbolizada no gargalo da garganta em noite de frio

O fósforo que acende – vidas que transcendem o limite do “EU”

No “NÓS” coletivo da cultura popular

Cultura que se faz perguntas e respostas

Que linguagens?

Que imagens?

O que a rua revela aos que da rua se escondem?

O que a rua esconde aos que na rua viajam?

Quais os olhares que prendem a rua

E trancam os lares na boca da noite?

As imagens são respostas e sinais

O que os sinais respondem?

Imagens

Linguagens e sinais decifram ações

Quem age pela morte faz da rua um beco sem saída

A pulsão mortífera leva à rua do fim

Quem age pela vida vai à rua

E da rua faz as trilhas do caminho a seguir

Quem faz a pipoca transforma e dá outra forma ao milho

O milho que morre pode renascer

Quem acende o fósforo

Transforma a centelha em grande lareira

Fogueiras e folguedos da festa do bem viver

Em meio às sombras da violência

Que mata e maltrata

Sinais de vida

Linguagens de amor

Olhares de paz

Nos quereres e viveres do movimento

Na dimensão da escuta

Na sutileza das respostas

No desafio das perguntas

Nas imersões do ESCUTA e dos sinais

Nestes caminhos da antiga estrada do gado

Há muitas pedreiras

Pedritas e Pedrinas

Planalto da vida que teima em cantar

Que a morte não é capaz de silenciar

Escuta, escuta!

Escutar o que?

O grito da vida!

No Planalto Pici e na Estrada do Gado!

É o grito da cultura popular

Superando gargalos e levando a juventude

A encenar

Aprender

Apreender

reaprender

Dançar

Cantar

E a lutar!