Zé de Brito / Sessenta Anos

 
Uma data bem bonita
Que surgiu naquele ano
Falo, é de gente da gente
Um filho pernambucano
Nascido em Caruaru
E não sofreu desengano
 
 
Em vinte e oito de julho
Que diga bem Dona Bia
Do ano quarenta e cinco
Ainda ao raiar do dia
Grande esperança pra todos
E casa cheia de alegria
 
 
Por arranjo de família
Lá vai seu Quincas Tabosa
Morar em Riacho de Pedra
Em terra quiçá, arenosa
Seu Quincas no barracão
Dona Bia plantando rosa
 
 
As rosas e os alunos
Naquela escola encantada
Zé de Brito ia crescendo
Ajudava a mãe na jornada
Perturbando ela na classe
Eita que vida extenuada!
 
 
Infância boa danada
Caindo a sopa no mel
Tinha boas amizades
Com as filhas de Seu Abel
O dia ficava curto
Naquele alegre bordel
 
 
Vitor era um Carlinhos
Figura de Zé Lins do Rego
Bio Coelho dava conselhos
Falava sem fazer medo
Tirava flecha de cana
Para São João no Folguedo
 
 
Apenas com nove anos
Ficou para trás o troféu
Déo, Severina e Augusta
As filhas de Seu Abel,
Agora em Campina Grande
Esperar um novo céu?
 
 
O novo céu durou pouco
Lá na Cidade Grande
Dessa vez foi em Amaragi,
Embarcar em novo bonde
Menino falando grosso
Carregando água num flandre
 
 
Barbeiro nunca agradou
A uma mente buliçosa
Relou barriga em balcão
De Alaíde, a vaidosa
Lá em Pedro do Buraco
Levou uma vida teimosa
 
 
Os anos foram correndo
Um dos amigos escapou,
Do corte de cana e veneno
Numa cervejaria estancou
E ele pensando bem
Na força Pública emplacou
 
 
Fez hospedagem na polícia
Donde veio se aposentar
Começou soldado raso
Porém não deu pra agüentar
Foi subindo na fileira
E hoje, está onde está
 
Quando ainda era soldado
Conheceu uma normalista
Igualzinha a Doris Day
Porém muito mais bonita
Nos mundos de Amaragi
Lá no Engenho Mariquita
 
 
Foi bem feita esta jornada
De setenta e três para cá
Correndo dos raios x
Tomando o chá de manacá
E veio ao mundo dois gênios
Para embelezar o lar
 
 
Agora no sítio Peladas
Só sombra e água fresca
Aproveitando a natureza
Vez por outra, ajeita a cerca
Para o vitelo não fugir
Ora, esse já vive na seca!
 
 
Uma vida inolvidável
Muita coisa quis abolir
Das trapolias do passado
Algumas não podem fugir
A saudade é muito grande
Dos mundos de Amaragi
 
 
Bem, parece uma brincadeira
Instantes de inspiração
Riso, alegria e fogueira
Isso é uma saudação
Nesse velho e bom amigo
Onde vai meu abração
 
 
Maceió, 28/07/2005
Parabéns, um abraço Dáia/Birino
 
 
 


Birino de Amaraji
Enviado por Birino de Amaraji em 07/11/2010
Reeditado em 16/11/2012
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