For my daughter Cristina

DECLARAÇÃO DE AMOR PARA A MINHA FILHA CRISTINA


Tentei dizer quanto te amava, aquela vez, baixinho
mas havia um grande berreiro, um enorme burburinho
Um anjo, de qualquer jeito, não me ouviria falar
e, pensando bem, meu amor, o berçário não era o melhor lugar.

Você de fraldas, uma graça, e eu ali, feliz, a te amar.
Os dois recém-chegados, você na vida, eu sem saber falar.

Tentei de novo, mas, gente, muita gente, que horror!
Corredor enorme! muito calor
Ah! final de janeiro, nasceu o amor!

Queria falar duas palavras somente, e estranhos não deixavam!

A vida é curta, mas longo é o amor!
Passaste rápido por mim, cabelo negro, um beijo somente, dormia.
Deveria ter ficado acordada
Somente para “não” ouvir o que eu tinha para dizer!
"Te amo” eu disse no coração, mas você? não disse nada.

E lá fui eu, parar na sala de espera e depois na rua,
Enquanto você, compreensivelmente dormia, ficou na sua.

Eu queria ter ouvido, mas não ouvi,
Você deve ter chorado mais, o choro de quem vive!

Mas fui embora, resignado,
mas antes gravei, em vinte e nove árvores dois corações.
Neles o teu nome, o meu, flechas e palpitações!

Mais tarde, passeando pelas ruas,
Pobres donos, mal sabiam que era para um nobre fim,
Que no bem-me-quer de tantas flores que para você colhi,
Eu, sem querer, destruí seus jardins!

E ainda numa última tentativa recorri, em desespero, ao gesto obsoleto.

Não me seguraram, e para mostrar o quanto te amo,
Fiz um quase soneto!

E não é que fiz, e até com boas rimas?

Mas você não leu, e nem sequer ficou sabendo.
Que naquele dia, 29 de janeiro
A noite chegou mais linda, mais depressa, mais correndo!
Paulo Eduardo Cardoso Pereira
Enviado por Paulo Eduardo Cardoso Pereira em 02/10/2006
Reeditado em 26/05/2021
Código do texto: T254536
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