Poema sem fim/um apólogo a eternidade (recebida do poeta/KIKO DOS SANTOS)

Achei-te terna criatura

híbrida adocicada figura

de flor mulher madura

e broto menina pura

desjei da menina

a alma

imaginei da mulher

a nudez

não pude

não posso

não poderei...

Longe de mim tal ato

macular duma rosa a pureza

sem menor delicadeza

na hora da inflorescência

roubar-lhe a inocência

as pétalas, o cheiro, a cor.

Fui para longe, me evadi

após vales, mares, montanhas

mas a dor era tamanha

que eu não a resisti.

Voltei, te vi decepada

de seu viço dissecada

as cicatrizes abertas

da poda na alma da flor

sangravagrvam o chão tingiam

os germes que nos feriam

o laudo disse: AMOR !

Doce negar de voz;

ah , criminoso coração!

caiste em contradição

negaste o fervor da paixão

mas suavas em palpitação.

Bicúspides, tricúspides, mitral

peito batendo forte

hormônios em efervescência

passo em descompasso...

se o menino sorri sozinho

e da menina as pernas tremem

a palma das mãos suando

os olhos de peixe morto

tudo em nós denunciando:

achamos da vida a cor .

Ah, eternidade !

por que tu moras em meu verso

e quando te penso por perto

me escapas num piscar ?

Pois que invejoso me deixaste

quem me dera em ti tocasse

me iria eternizar !

então zombaria do tempo

o amor sem contratempos

mara lis ia te dar

Quem me dera a honra

de satisfazer minha espécie

cuja alma fossilizada

clama, grita, implora

nos extratos minerais

por um só minuto a mais

de erudita eloquência

que declame com ardor

o sonho dos antepassados

pelo tempo já laçados

jogados na vala comum

Ah,se voz me restasse...

garanto declamaria

sua dor em poesia

talvez os fizesse chorar !

E eu aqui atrelado

a dor de um antapassado

me lembro também acuado

pela tal lança do tempo

o ponteiro do relógio

que minuto após minuto

me leva farpas da vida

até meu tronco ruir

Que darei, que já não tenhas ?

Que direi ,que já não saibas ?

No interlúdio das eras

nas linhas do espaço-tempo

tramei em azul celeste

um estrelado vestido

bordado de "para sempre ".

Sou mortal, póp de estrelas

sou barro, sou pó,sou cinza...

Mas sendo um em seis bilhões

único, impar,incomparável

talvez minha situação

seja até remediável

pois que como oferenda

dou-te meu eu, parco eu !

para sempre...sempre...sempre !!!

E quando o verão secar

de nossas vidas a campina

deitemo-nos na relva carbonizada

cinza de volta a cinza

(-o mundo chorará nossa ausência )

E apagando-se a ultima estrela

haverá deste amor

derradeira centelha

mesmo que se vá a extinção

abraçar-te-ei

ainda que em cósmica escuridão

imaginando-me mergulhado

no negrume de seus olhos

Assim,

quando a friagem permear o infinito

pegarei sua mão última vez;

sentirei seus dedos enregelados

aos meus entrelaçados

deitar-me-ei no nada

e ao seu lado dormirei em paz

sob o olhar invejoso da etrnidade

que apequenou-se ante nosso amor

Então colarei meus lábios

aos seus ouvidos

esquecerei o passado

zombarei do futuro

( se houvesse um !!! )

e num último fôlego

apenas declamaria

a ternura de seu toque

a beleza de seu rosto

e a doçura de seus olhos

ocultos na penumbra das eras

vísivel em minha memória

guardada nos sonhos também

Aí, um sussurro cortará

a imensidão silenciosa

e tu descobrirás o quanto te amei .

(OBRIGADA SEMPRE...LINDO AMIGO POETA)

Silmara Poetisa
Enviado por Silmara Poetisa em 27/02/2010
Reeditado em 27/02/2010
Código do texto: T2110714
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