BRASIL GERSON - UM JORNALISTA DE DOIS MUNDOS
Na cidade do Rio de Janeiro existe uma rua, cujo nome homenageia um francisquense ilustre. Seu nome: Brasil Gerson.
E não podia ser de outro modo, pois esse francisquense, que foi historiador, jornalista, escritor, teatrólogo, crítico e roteirista de cinema, é autor de uma obra que concretiza seu amor à cidade na qual viveu até a morte, em 1981, com 77 anos: História das ruas do Rio, sua obra mais conhecida, de minúcia insuperável, ao lado de “Garibaldi e Anita – Guerrilheiros do Liberalismo”, premiada pela Academia Brasileira de Letras em 1950.
Brasil Gerson, cujo verdadeiro nome é Brasil Görresen, nasceu em S.Francisco do Sul (SC), em 1o de janeiro de 1904, descendente dos noruegueses que aqui se instalaram no século XIX.
. Iniciou a carreira jornalística, ainda jovem, no “Jornal de Joinville”. Em 1920, com a idade de 17 anos, transferiu-se para o Rio de Janeiro. Na então Capital Federal, começou a trabalhar no vespertino Boa Noite, antes de mudar-se para São Paulo, onde passou a trabalhar no Diário da Noite, tornando-se finalmente diretor do jornal A Platéia.
Estreou literariamente com a novela “Vinte anos de circo”, seguida de “A Vida acaba no meio”. Como dramaturgo, escreveu a peça “Maldito Tango”, em 1932, em parceria com Jaime Costa, e a peça “Anita”, representada no Teatro Dulcina, em 1949. Conviveu com intelectuais e escritores conhecidos, como Di Cavalcanti, Álvaro Moreyra, Rubem Braga e Jorge Amado.
De volta ao Rio de Janeiro, trabalhou nos Diários Associados, de Assis Chateaubriand. Em pleno Estado Novo, suas idéias liberais o fizeram entrar em choque com o regime ditatorial vigente e teve de exilar-se na Argentina e posteriormente no Uruguai. Em Montevidéu, trabalhou no jornal “A Razón”. Foi ferrenho adversário do nazi-fascismo e, em sua luta, usava como trincheira a imprensa não só do Uruguai, como da Argentina e do Chile. Absolvido das acusações que lhe foram feitas, pôde voltar ao Brasil. O jornal uruguaio estampou em manchete: Fué absolto Brasil Gerson, acrescentando na matéria: “Recupera Brasil a uno de sus hombres jóvenes, de mentalidad más vigorosa y de coraçón más noble”.
Já no Rio, Carmen Santos, proprietária da Brasil Vita Filmes, pede-lhe para escrever o argumento para o filme “A Inconfidência Mineira”, a ser dirigido por Humberto Mauro. Dessa tarefa, veio-lhe o gosto pela pesquisa histórica, que tão bem deixou registrado nos livros “A História Popular de Tiradentes”, “O ouro, o café e o Rio”, “Pequena História da Guerra do Contestado”, “A Revolução de D. Pedro I”, “O Sistema Político do Império”, “A Escravidão no Império” e “O Regalismo Brasileiro”.
Foi o introdutor da crônica de cinema na imprensa carioca, o que significa dizer que foi o pioneiro desse gênero no país. Em sua fase política, foi oficial de gabinete do Presidente Café Filho.
Numa crônica a seu respeito, Rubem Braga sugeriu: “Por que não lhe põem o nome na placa de uma rua do Rio? Ele merece.”. E a homenagem foi feita, numa rua de Jacarepaguá.
Apesar de seu espírito batalhador e de sua inquietude intelectual, era tímido, humilde e sóbrio, nunca se preocupou em estar diante dos holofotes da fama; preferia recolher-se a suas pesquisas e livros, mas não há dúvida de que deixou sua marca na pesquisa histórica do país.