Haibun (as nuvens).

Enquanto atravessava uma ponte, vi nuvens. Era tarde se preparando para o fim, mas estava claro o céu, como manhãs n'areia. Uma delas, a menor, parecia uma mulher estatuada, de braços ao ar, soberana, resplandecente. Atrás dela seguia um turbilhão de glória, de luz, se explodia um louvor não decidido se áureo ou prata, vulcão celeste. Enorme maravilha. Eu já estava na metade do caminho... que vida é a das nuvens, por um instante é uma pintura divina, e logo se torna mancha qualquer; cada passo lembrava: o fim chegará.

Um instante é nuvem

Bela ou feia: se acaba

É tal como a vida.

Vaidade pra quê?

Morte não é evidência

Mas, sim, é certeza.

Rodrigo Hontojita
Enviado por Rodrigo Hontojita em 29/03/2023
Código do texto: T7752021
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