Mudança de estação
 
Manhã azul de inverno com gosto primaveril. Saindo para minha caminhada habitual, notei que a paineira da praça estava com folhas novas. Diferente a cada dia. Ontem eram poucas, amanhã serão muitas e a vestirão todinha de verde.

Na outra rua, escarcéu da passarada numa árvore da casa onde no ano passado uma família de preás costumava pastar tranquilamente na faixa de grama em frente. Sumiram, conforme propalei um dia aos quatro ventos.

Parei para identificar um pio incomum. Enquanto procurava enxergar o pássaro que o emitia na árvore densa, um homem do bangalô assobradado do outro lado da rua saiu na janela.

- É uma gralha azul - informou ele.

Ouvia-se mesmo uma gralha azul, mas acho que estava no pinheiro ao lado. O dono da voz que eu procurava era outro. Não consegui vê-lo nem identificá-lo.

Deixei-o piando e tentando organizar a sonora fuzarca. Fui embora, caminhando ao encontro da estação que tão cedo se adiantava e mergulhei no som de todos os pássaros. Com a beleza e o perfume das flores do caminho, segui me embriagando. Pilequinho bom!

 
Cantam passarinhos.
Pudera! É primavera...
Flores nos caminhos.

 

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N. do A. - Na ilustração, Gralha Azul de Suzette Nascimento (Paraná).
João Carlos Hey
Enviado por João Carlos Hey em 09/08/2012
Reeditado em 11/09/2021
Código do texto: T3821486
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