120 Pegadinhas da Língua Portuguesa - Parte II

continuação 61 a 120.

Pegadinha 61

Confundiu-me de modo excessivo as informações.

Esta pegadinha nos mostra como aumentam as chances de errarmos, quando se coloca o verbo na frente do sujeito. Sempre que se encontrar uma oração iniciada por verbo, deve-se, antes de qualquer análise, se possível, colocá-la em ordem direta, isto é, distribuí-la nesta ordem: sujeito, predicado, complementos e adjuntos. Neste caso, a frase ficaria assim: As informações confundiu-me de modo excessivo. Agora, com a oração em ordem direta, ficou mais fácil de perceber o erro de concordância entre o verbo e o seu sujeito. Então, corrigindo o erro em questão, ter-se-ia: As informações confundiram-me de modo excessivo. A frase inicial, depois de corrigida, fica assim:

Confundiram-me de modo excessivo as informações.

Pegadinha 62

A famosa modelo pousou durante toda a tarde de ontem.

Só se fosse passarinho, avião ou outra coisa que voa. A modelo faz pose para o fotógrafo fotografá-la. Se faz pose, o verbo certo é posar. A frase inicial, depois de corrigida, fica assim:

A famosa modelo posou durante toda a tarde de ontem.

Pegadinha 63

O homem sequer foi admitido no emprego.

Sequer é uma palavra que deve sempre ser antecedida de negativa. Exemplos: Tomou a decisão sem sequer nos avisar. (INCORRETO: Tomou a decisão sequer nos avisar.) Não fez sequer o mínimo que havíamos combinado. (INCORRETO: Fez sequer o mínimo que havíamos combinado.) O contribuinte nem sequer foi notificado. (INCORRETO: O contribuinte sequer foi notificado.) Nesta seção de dicas de português para concursos, o correto seria escrever a frase inicial da seguinte maneira:

O homem nem sequer foi admitido no emprego.

Pegadinha 64

É hora dele aparecer.

O sujeito não pode ser preposicionado. Frase com sujeito preposicionado é muito comum na linguagem inculta com sujeitos de verbos no infinitivo. Veja os exemplos a seguir: CERTO — É hora de eu aparecer. ERRADO — É hora deu aparecer. CERTO — No dia de ela chegar, vou ficar muito contente. ERRADO — No dia dela chegar, vou ficar muito contente. CERTO — Chegou a hora de a onça beber água. ERRADO — Chegou a hora da onça beber água. A frase inicial, depois da correção, fica assim:

É hora de ele aparecer.

Pegadinha 65

Tratam-se de assuntos que não me interessam.

O sujeito da frase é indeterminado. Neste caso, a indeterminação do sujeito é feita, justapondo-se o pronome se — que funciona como índice de indeterminação do sujeito — ao verbo na terceira pessoa do singular. Portanto, o verbo está flexionado de modo ERRADO. A forma verbal correta é no singular" Trata ". Propositadamente, colocaram-se os demais elementos no plural, tentando confundir o leitor, levando-o a fazer a concordância verbal com a palavra assuntos. Assuntos é complemento do verbo tratar, e complemento não influencia na concordância verbal. O verbo só varia para concordar com o sujeito, e como este é indeterminado pelo pronome" se ", o verbo não poderá sofrer flexão para fazer qualquer tipo de concordância, uma vez que se sabe que existe sujeito, mas não se sabe quem é, nem quantos são. Observe outros exemplos semelhantes que seguem: Precisa-se de carpinteiros. Nesta hora, apela-se para todos os meios. Discordou-se dos fatos. Falava-se de muitas coisas na assembléia. A frase inicial, depois de corrigida, fica assim:

Trata-se de assuntos que não me interessam.

Pegadinha 66

O aluno estava aguardando o professor há mais de três horas.

O verbo haver deve concordar com o verbo estar. Se este estiver no imperfeito ou no mais-que-perfeito do indicativo, a concordância será feita com a forma havia. A frase inicial, depois de corrigida, fica assim:

O aluno estava aguardando o professor havia mais de três horas.

Pegadinha 67

Não consegui dar conta do trabalho que levei para mim fazer em casa.

Mim não pode ser sujeito. Os pronomes que assumem a função de sujeito são os chamados pronomes do caso reto — eu, tu, ele, nós, vós, eles. Veja os exemplos seguintes: Este casaco é para eu usar nos dias frios. (eu, sujeito do infinitivo" usar ") Ela gosta de mim. (mim, objeto indireto da forma verbal" gosta ") A frase inicial, depois de corrigida, fica assim:

Não consegui dar conta do trabalho que levei para eu fazer em casa.

Pegadinha 68

A perca daquele patrimônio transformou-o numa pessoa cética e amarga.

Perca é a forma verbal da primeira e terceira pessoas do singular do presente do subjuntivo. Perda é substantivo, que, obviamente, admite ser precedido de artigo. Exemplos: Mesmo que eu perca de início, não desanimarei. (perca é verbo) Não me importa que o governo perca. (perca é verbo) A perda de um ano de estudos não o abalou. (perda é substantivo) Não entro nesse negócio porque quero evitar a perda de meu dinheirinho. (perda é substantivo) A frase inicial, depois de corrigida, fica assim:

A perda daquele patrimônio transformou-o numa pessoa cética e amarga.

Pegadinha 69

Você paga o valor do apartamento e eu o mobilio.

ssim se conjuga o verbo mobiliar, no presente do indicativo: eu mobílio, tu mobílias, ele mobília, nós mobiliamos, vós mobiliais, eles mobíliam. A frase inicial, depois de corrigida, fica assim:

Você paga o valor do apartamento e eu o mobílio.

Pegadinha 70

O motorista do ônibus deu uma freiada brusca, assustando os passageiros.

Freiada é um grupo de religiosos denominados freis. Já, o ato de parar o carro é frear e essa ação chama-se freada. A frase inicial, depois da correção, fica assim:

O motorista do ônibus deu uma freada brusca, assustando os passageiros.

Pegadinha 71

Evite trabalhar em regime de excessão.

Eis um erro de ortografia. Este tipo de questão é muito explorado em provas de concurso. A frase inicial, depois de corrigida, fica assim:

Evite trabalhar em regime de exceção.

Pegadinha 72

Não lhe disse nada porque o encontrei mau-humorado.

Esta pegadinha nos adverte do risco de errarmos ao confiarmos no som das palavras. Embora homófonas na maior parte do Brasil, mau e mal têm significados e empregos diferençados. Mau faz oposição a bom, e mal se opõe a bem. Veja os exemplos a seguir: mau humor ~ bom humor mau cheiro ~ bom cheiro mau caráter ~ bom caráter mal estar ~ bem estar mal afamado ~ bem afamado mal-intencionado ~ bem intencionado A frase inicial, depois de corrigida, fica assim:

Não lhe disse nada porque o encontrei mal-humorado.

Pegadinha 73

Prefiro um emprego humilde do que trabalhar com aqueles corruptos.

Deve-se preferir uma coisa a outra, e, jamais, uma coisa do que outra. Exemplos: Prefiro laranja a goiaba. Preferimos ir a ficar. Ela preferiu falar a ficar calada. A frase inicial, depois de corrigida, fica assim:

Prefiro um emprego humilde a trabalhar com aqueles corruptos.

Pegadinha 74

Cientistas provam que existe vestígios de vida em Marte.

O verbo existir flexiona-se, como outro verbo qualquer, para concordar com seu sujeito, que, neste caso, é vestígios de vida. Muitas pessoas, erroneamente, dão o mesmo tratamento do verbo haver ao verbo existir. Realmente, o verbo haver, no sentido de existir é impessoal. Mas, o verbo existir é pessoal e varia, normalmente, para concordar com o sujeito. A frase acima, depois da correção, fica assim:

Cientistas provam que existem vestígios de vida em Marte.

Pegadinha 75

A negligência nos estudos implicou em sua reprovação.

O verbo implicar, no sentido de ter como consequência, acarretar, é transitivo direto, isto é, não se liga ao seu complemento por meio de preposição, mas, sim, diretamente. Exemplos: A sua dedicação aos estudos implicou a sua aprovação. O amor implica muitas renúncias. A transgressão implica multa. A frase acima, depois da correção, fica assim:

A negligência nos estudos implicou sua reprovação.

Pegadinha 76

O concurso está em vias de anulação.

Só existe uma locução prepositiva na forma plural, que é a expensas de. Portanto, o correto é em via de. Exemplos: O cadastramento já está em via de descontrole administrativo. Esse planeta encontra-se em via de extinção. A frase acima, depois da correção, fica assim:

O concurso está em via de anulação.

Pegadinha 77

Prenderam-no só porque furtou trezentas gramas de queijo.

A grama é vegetal que embeleza o solo do jardim. O grama é medida de massa, cuja unidade é o quilograma. Exemplos: Comprei um quilo e duzentos gramas de mortadela. Um diamante de dois gramas. Quero quatrocentos gramas de farinha. A frase acima, depois da correção, fica assim:

Prenderam-no só porque furtou trezentos gramas de queijo.

Pegadinha 78

Ela tem péssimos hábitos. Porisso, evito a sua companhia.

Essa locução deve ser escrita com duas palavras: por isso. Da mesma forma, escreve-se de repente, e não derrepente. A frase acima, depois da correção, fica assim:

Ela tem péssimos hábitos. Por isso, evito a sua companhia.

Pegadinha 79

Não tenho nenhum óculos para proteger meus olhos.

Nenhum se flexiona no plural para concordar com a palavra a que se refere. Exemplos: Nenhumas pessoas deixaram tantas saudades quanto aquelas. Apesar de nenhuns alunos quererem compor a comissão, o caso prosseguiu. A frase acima, após a correção, fica assim:

Não tenho nenhuns óculos para proteger meus olhos.

Pegadinha 80

Este assunto não tem nada haver contigo.

Não se usa o verbo haver nessas expressões. O correto é nada a ver, com o verbo ver. Também, estaria correto escrever não tem nada que ver. Escreve-se corretamente a frase inicial do seguinte modo:

Este assunto não tem nada a ver contigo.

Pegadinha 81

Tereza deu à luz a uma linda criança.

O verbo dar possui dois objetos. Um objeto direto e outro indireto. Exemplos: Dei à Helena uma linda bicicleta. (Objeto direto: uma linda bicicleta; objeto indireto: à Helena) O boêmio dá à noite um significado fantasioso. (Objeto direto: um significado fantasioso; objeto indireto: à noite) A frase inicial, depois da correção, fica assim:

Tereza deu à luz uma linda criança.

Pegadinha 82

A operação durou cerca de uma hora e vinte e três minutos.

A expressão cerca de denota aproximação, arredondamento. É inadequado seu uso para introduzir informações numéricas exatas, precisas. Exemplos: CERTO: Cerca de" vinte "pessoas estavam presentes. ERRADO: Cerca de" dezessete "pessoas estavam presentes. CERTO: O livro tinha cerca de" duzentas "páginas. ERRADO: O livro tinha cerca de" cento e noventa e sete "páginas. CERTO: Ele fez cerca de mil gols em toda a sua carreira. ERRADO: Ele fez cerca de mil e novecentos e noventa e oito gools em toda a sua carreira. A frase acima, depois de corrigida, fica assim:

A operação durou cerca de duas horas.

Pegadinha 83

Estávamos em cinco naquela embarcação.

Caro leitor, por gentileza, responda: O título do famoso romance de Maria José Dupré é" Éramos em seis "ou" Éramos seis "? É claro, a resposta certa é" Éramos seis ". A preposição em não pertence à expressão em análise. Veja os exemplos: Fomos cinco naquele fusquinha. Vieram oito no helicóptero. Ficamos vinte até o final da festa. A frase inicial apresenta-se corretamente grafada da seguinte maneira:

Estávamos cinco naquela embarcação.

Pegadinha 84

Preparem-se! A prova será daqui há vinte dias.

Na indicação de tempo futuro, usa-se apenas a. Exemplos: Estamos a dois dias da decisão do campeonato, a qual se dará domingo pela manhã. Tomarei posse daqui a dez dias. Na indicação de tempo passado, usa-se há ou a forma verbal faz. Exemplos: Ele saiu há duas horas. Ou Ele saiu faz duas horas. Eu voltei há três dias. Ou Eu voltei faz três dias. A frase acima, após a correção, fica assim:

Preparem-se! A prova será daqui a vinte dias.

Pegadinha 85

A reação surpreendente do time adversário, não mexeu com a torcida.

Esta é uma pegadinha muito frequente em provas de português. Não se deve separar com vírgula o sujeito do seu verbo. Então, a frase inicial, depois de corrigida, escreve-se assim:

A reação surpreendente do time adversário não mexeu com a torcida.

Pegadinha 86

O homem polue os rios, os mares e as florestas.

Verbos cujo infinitivo termina em UIR possuem as formas UI ou OI: evolui, atribui, constrói, destrói. Já, os que têm o infinitivo em UAR, fazem UE: continue, atenue, jejue, recue. Este tipo de questão é muito comum em provas de concurso. A frase inicial, depois de corrigida, fica assim:

O homem polui os rios, os mares e as florestas.

Pegadinha 87

Haja visto os insistentes apelos do povo, o rei fez a concessão tão esperada.

Há erro de grafia. O certo é haja vista. Ambas as palavras da expressão terminam com a letra a. A frase acima, depois da correção, fica assim:

Haja vista os insistentes apelos do povo, o rei fez a concessão tão esperada.

Pegadinha 88

Espero que vocês viagem com conforto e segurança.

Viagem, com g, é substantivo: Tenham uma boa viagem. A viagem durou seis horas. Viajem, com j, é verbo: O juiz não quer que vocês viajem desacompanhadas de um responsável. Mesmo que eles viajem amanhã, ainda chegarão dentro do prazo. A frase inicial, depois de corrigida, fica assim:

Espero que vocês viajem com conforto e segurança.

Pegadinha 89

Temo que o barril de pólvora exploda a qualquer momento.

O verbo explodir somente é conjugado em algumas pessoas. Precisamente, naquelas em que a letra d é sucedida por e ou i. Assim: A bomba explode. (CORRETO) O carro explodiu. (CORRETO) Quero que ela expluda. (ERRADO) Quero que ela exploda. (ERRADO) A frase inicial, depois de corrigida, fica assim:

Temo que o barril de pólvora venha a explodir a qualquer momento.

Pegadinha 90

Quando soubemos da notícia, ficamos todos fora de si.

Si é pronome das terceiras pessoas (do singular e do plural). O pronome próprio da primeira pessoa do plural é nós.

A frase inicial, depois de corrigida, fica assim:

Quando soubemos da notícia, ficamos todos fora de nós.

Pegadinha 91

Ontem, fizeram três anos que nos conhecemos.

O verbo fazer, na indicação de tempo, é impessoal.

A frase inicial, depois de corrigida, fica assim:

Ontem, fez três anos que nos conhecemos.

Pegadinha 92

Hoje, aquele menino é um homão.

Quem diz homão, em lugar de homenzarrão, também deve dizer murão, arvão, pão, casão em lugar, respectivamente, de muro, árvore, pé, casa. Os aumentativos desses substantivos são, na ordem apresentada acima, muralha, arvorezão, pezão, casarão. Se preferir, pode-se também dizer: homem grande, muro grande, árvore grande, pé grande, casa grande.

A frase inicial, depois de corrigida, fica assim:

Hoje, aquele menino é um homenzarrão.

ou, se preferir:

Hoje, aquele menino é um homem grande.

Pegadinha 93

Encontrei o livreto no porta-luva.

A grafia porta-luva é errada. Construções desse tipo fazem-se com o verbo mais um substantivo no plural, sempre que seja possível a ocorrência, no plural, desses substantivos.

Veja outros exemplos:

•Porta-aviões;

•Porta-cabos;

•Porta-cigarros;

•Porta-guardanapos;

•porta-revistas porta-seios.

A frase inicial, depois de corrigida, fica assim:

Encontrei o livreto no porta-luvas.

Pegadinha 94

O ônibus passa na porta de minha empresa.

Passar na porta é passar sobre a porta. Isso, de alguma forma, seria um despropósito, se pudesse ocorrer habitualmente. Exceto os casos acidentais, normalmente, diz-se que os veículos passam à porta, ao portão etc.

Escreveremos a frase original da seguinte maneira:

O ônibus passa à porta de minha empresa.

Pegadinha 95

O jogador virou a cabeça para o outro lado.

Essa frase é de um famoso locutor esportivo de TV. Seria impossível para alguém conseguir virar a cabeça para o mesmo lado. Partindo dessa óbvia constatação, melhor seria virar a cabeça para a esquerda ou para a direita.

Escreveremos a frase original da seguinte maneira:

O jogador virou a cabeça para o lado direito.

Pegadinha 96

O jogo transcorreu debaixo de chuva.

Essa pérola, como a anterior, é do mesmo autor, um insigne locutor esportivo de TV. Esse destaque do célebre comunicador nos remete a um quadro um tanto bizarro:

Assistir a uma partida de futebol, em que os times joguem em cima de chuva.

Sejamos menos extravagantes, dizendo apenas na chuva. Por acaso, o leitor já assistiu ao filme" Dançando na chuva "," Cantando na chuva ".

A frase inicial, depois da correção, fica assim:

O jogo transcorreu na chuva.

Pegadinha 97

Senha cadastrada com sucesso!

A frase acima não contém nenhum erro de português. Trouxemo-la para dar ao leitor uma ideia de excesso textual, que não deixa de ser, em nível mais brando, a utilização do recurso" enchimento de linguiça ", acrescido de certa dose de incoerência.

Por acaso, o leitor já ouviu falar em alguma senha que tivesse sido cadastrada" sem sucesso "? Cremos que isso não tenha acontecido, pois se foi cadastrada, já se conseguiu o que queria. Tudo que vier depois disso é excesso e, como toda extravagância na escrita, só serve para cansar o leitor e empobrecer o texto. Fato que deve ser levado em conta quando se faz uma redação.

Escreve-se corretamente:

Senha cadastrada.

Pegadinha 98

O presidente decidiu visitar os gaúchos, desembarcando ao norte do Rio Grande do Sul!

Manchete como essa nos deixa perplexos diante das incertezas de uma decisão. Ao norte do Rio Grande do Sul, fica Santa Catarina. Para visitar os gaúchos, melhor seria desembarcar no norte do Rio Grande do Sul. Quem desembarca bem, desembarca em algum lugar. Já, os que não sabem o que querem, talvez por não conhecerem a língua que falam, desembarcam a algum lugar, que não deixa de ser um modo ridículo e errado de desembarcar.

Sejamos coerentes e escrevamos assim com correção:

O presidente decidiu visitar os gaúchos, desembarcando no norte do Rio Grande do Sul.

Pegadinha 99

As ruas estão molhadas posto que choveu.

Posto que é conjunção subordinativa concessiva e equivale a embora. Alguns, por desconhecerem a língua que falam, usam-na com valor de coordenativa explicativa, em lugar de porque. Ninguém, em perfeito juízo e conhecedor do Português, dirá" Não atravessem a rua fora da faixa de pedestre, embora (= posto que) podem se machucar "; mas sim," Não atravessem a rua fora da faixa de pedestre, porque podem se machucar ".

A frase inicial, depois da correção, fica assim:

As ruas estão molhadas porque choveu.

Pegadinha 100

Em confirmação à sua teoria, manifesto minha aprovação.

Deve-se dizer que não se faz confirmação a nenhuma teoria. O correto seria fazer confirmação de teoria, tese etc.

A frase inicial, depois da correção, fica assim:

Em confirmação de sua teoria, manifesto minha aprovação.

Pegadinha 101

Dá-se aulas particulares de piano.

Os que anunciam dessa forma a sua disposição em dar aulas de piano podem ser notáveis mestres do instrumento, mas estão desafinando do Português. O verbo" dar ", que esta na voz passiva, deve concordar com seu sujeito" aulas ".

A frase inicial, depois da correção, fica assim:

Dão-se aulas particulares de piano.

Pegadinha 102

Manter o mais absoluto sigilo.

Há redundâncias agasalhadas pela língua, como, por exemplo, antídoto contra, concordar com. Há outras chamadas redundâncias viciosas, condenadas pela língua culta, cujo exemplo pode ser a redundância ilustrada na frase evidenciada acima. Quando se diz absoluto, aí já está o mais, o infinito, o ilimitado, e, logicamente, não há lugar para aumentativo.

A frase inicial, depois da correção, fica assim:

Manter absoluto sigilo.

Pegadinha 103

Ela já se habituou com o trabalho.

É melhor habituar-se, primeiramente, à regência correta desse verbo. O correto é habituar-se a. Note a preposição a. Habituar-se a trabalhar, habituar-se ao trabalho. Alguém precisa habituar-se a escrever com correção.

A frase inicial, após a correção, fica assim:

Ela já se habituou ao trabalho.

Pegadinha 104

Esse rapaz sai com cada besteira!

No sentido de atrever-se, ousar, o correto é escrever sair-se. Usa-se sair-se também com o significado de escapar-se, livrar-se.

Veja os exemplos abaixo:

•Às vezes ela se sai com cada uma!

•O político ouviu a ofensa e saiu-se com muita criatividade, como sempre.

•Ao ver que haviam depositado o dinheiro em minha conta, procurei sair-me da incômoda dívida.

A frase inicial, após a correção, fica assim:

Esse rapaz sai-se com cada besteira!

Pegadinha 105

Minha filha está grávida, mas ela não quer uma filha mulher.

Abaixo a discriminação! Todavia, os gostos devem ser respeitados. O que não merece respeito é a negligência no uso do idioma, principalmente quando se deixa margem à dúvida ao determinar o sexo da filha por intermédio de uma redundância viciosa, como se fosse possível exitir uma filha" homem ", mesmo admitindo certas tendências.

A frase inicial, após a correção, fica assim:

Minha filha está grávida, mas ela não quer uma menina.

Pegadinha 106

O discurso, visto sob esse prisma, chega a ser uma afronta.

Prisma é um cristal com duas faces planas inclinadas, que decompõe a luz. A luz, portanto, passa através do prisma ou, também, pelo prisma. Não seria correto dizer que a luz passa sob o prisma.

A frase inicial, após a correção, fica assim:

O discurso, visto através deste prisma, chega a ser uma afronta.

Ou

O discurso, visto por este prisma, chega a ser uma afronta.

Pegadinha 107

Residente na rua das goiabeiras.

Os nomes de logradouros públicos são grafados com iniciais maiúsculas. Avenida Getúlio Vargas, Bosque das Mansões, Jardim das Acácias etc.

A frase inicial, após a correção, fica assim:

Residente na Rua das Goiabeiras.

Pegadinha 108

No quintal, havia um pé de laranjeira.

A palavra pé possui vários significados em português. Aqui, ela está sendo usada no sentido de exemplar individual de uma planta. Nesse significado, dizer pé de goiabeira, por exemplo, pode-se imaginar a bizarra imagem de uma árvore com dezenas de outras menores dependuradas de seus ramos. Naturalmente, diz-se pé de goiaba. Pé de café em vez de pé de cafeeiro, e por aí se vai.

A frase inicial, após a correção, fica assim:

No quintal, havia um pé de laranja.

Pegadinha 109

Aquela moça é tal qual suas amigas.

O problema, aqui, é de concordância. Tal concorda com o termo antecedente moça.

Qual deveria concordar com o consequente amigas.

Veja os exemplos:

•Esse menino é tal quais os pais.

•Aqueles discípulos são tais qual seu mestre.

•Percebe-se que os garotos são tais quais seus pais.

O correto é escrever:

Aquela moça é tal quais suas amigas.

Pegadinha 110

Encontrei bastante pessoas na praia.

A palavra bastante pode ser adjetivo ou advérbio. Para classificá-la corretamente deve-se substituí-la por muito ou muita. Se uma destas palavras variar, bastante é adjetivo; se não sofrer variação, é advérbio.

Veja os dois blocos de frases abaixo:

Se adjetivo, sofre variação:

•Trouxeram bastantes frutas para o lanche da manhã. (bastantes = muitas)

•Compareceram bastantes moças na festa. (bastantes = muitas)

•No inverno passado, colhi bastantes frutos neste pomar. (bastantes = muitos)

•Na caravana presidencial, viam-se bastantes mordomos. (bastantes = muitos)

•Nem sei quantos livros há na minha biblioteca, mas sei que li bastantes. (bastantes = muitos)

Se advérbio, NÃO sofre variação:

•Eles estudaram bastante, por isso foram aprovados no concurso. (bastante = muito)

•As pessoas que dormem cedo e acordam cedo vivem bastante. (bastante = muito)

•As moças eram bastante bonitas. (bastante = muito)

•Li bastante em minha vida. (bastante = muito)

Nesta página de dicas de português para concursos, escreve-se corretamente:

Encontrei bastantes pessoas na praia. Encontrei muitas pessoas na praia.

Pegadinha 111

O réu está em lugar incerto e não sabido.

Estamos diante de umas das" pérolas "do judiciário, para nenhum cartorário botar defeito. O réu que está numa situação como a expressa pela frase acima, em destaque, está duas vezes em lugar incerto ou duas vezes em lugar não sabido. Na realidade, isto é, fora da hermenêutica judiciária, uma expressão exclui a outra porque a segunda retifica a primeira. Então, usar-se-á, neste caso, a conjunção ou.

Escreve-se corretamente:

O réu está em lugar incerto ou não sabido.

Pegadinha 112

Dirija-se ao Departamento Pessoal.

Poucas pessoas, no ambiente corporativo, poderão se interessar por uma partícula tão reduzida como a preposição de, uma vez que a moda em gestão empresarial é pensar grande. Pois é, é nisso que dá! Por que não escrevem também Departamento Relações Humanas em vez de Departamento de Relações Humanas, que é o correto; ou, então, Departamento Compras em vez de Departamento de Compras, que é o certo.

Escreve-se corretamente:

Dirija-se ao Departamento de Pessoal.

Pegadinha 113

Nós, que trabalhamos com o público, às vezes, engulimos sapos.

E nós não engolimos esse erro de português, uma vez que o verbo engolir, no presente do indicativo, assim é conjugado: engulo, engoles, engole, engolimos, engolis, engolem.

Escreve-se com correção:

Nós, que trabalhamos com o público, às vezes, engolimos sapos.

Pegadinha 114

Dei a ela um ramalhete de flor.

O substantivo, precedido de palavra que exprime valor de coletivo, deve estar sempre na forma plural.

Exemplos:

•Caixa de fósforos.

•Balaio de roupas.

•Maço de cigarros.

•Por um punhado de dólares.

•Par de sapatos.

Escreve-se com correção:

Dei a ela um ramalhete de flores.

Pegadinha 115

O quarto em que ele dormira, três horas depois, ainda cheirava cachaça.

O quarto não cheira nada porque não tem olfato. O verbo cheirar é transitivo indireto e exige a preposição a, no sentido de exalar cheiro.

Exemplos:

•Está cheirando a queimado.

•A Praia de Imbituba cheirava a maresia, depois da ressaca.

•Aquelas flores cheiravam a perfumes estranhos.

Escreve-se corretamente:

O quarto em que ele dormira, três horas depois, ainda cheirava a cachaça.

Pegadinha 116

Ao invés de jantar, saiu para caminhar.

Há muita confusão no uso das expressões ao invés de e em vez de. Ao invés de indica situação oposta, diretamente contrária. Em vez de assinala permuta, simples troca, escolha.

Exemplos:

•Ele encontrou a porta entreaberta e, ao invés de fechá-la, decidiu abri-la mais ainda. (abrir é diretamente oposto a fechar)

•Ao invés de sorrir, ela chorou. (chorar é diretamente oposto a sorrir)

•Resolvi ir caminhar, em vez de jogar sinuca. (caminhar não é o oposto de jogar sinuca; é apenas uma escolha, entre tantas outras ações)

Escreve-se corretamente:

Em vez de jantar, saiu para caminhar.

Pegadinha 117

Nomearam Pedro no cargo de supervisor.

Eis, aqui, uma nomeação inadequada. Pelo menos, do ponto de vista gramatical. A correta nomeação dá-se com as preposições como, para, por.

Exemplos:

•Resolveu-se nomeá-lo para chefe do setor.

•Ontem, fui nomeado para investigar o caso

•Nomearam Cláudia para a chefia do departamento.

•O presidente nomeou-o por secretário.

•O ministro nomeou-o como superintendente.

Escreve-se com correção:

Nomearam Pedro para o cargo de supervisor.

Pegadinha 118

Carlos apaixonou-se por Judite, por isso namora com essa moça.

Isso é “coisa” que jamais irá acontecer. Namorar com é namorar em companhia de alguém. Antigamente, nossos avós namoravam com alguém que vigiava o namoro. Hoje, os tempos são outros. Namora-se alguém, a sós, simplesmente. Os namorados não se sentem à vontade quando namoram com qualquer pessoa na sala, no jardim etc. O bom é que estejam sozinhos; pelo menos para os namorados.

Escreve-se corretamente:

Carlos apaixonou-se por Judite, por isso namora essa moça.

Pegadinha 119

Houveram problemas de difícil solução.

O verbo haver, no sentido de “existir”, é impessoal, ou seja, não tem sujeito e deve aparecer sempre na terceira pessoa do singular. Portanto, a forma correta é Houve problemas, sendo problemas o complemento (objeto) do verbo, não seu sujeito. A flexão indevida de haver é muito freqüente no Brasil, mas nunca ocorre quando o verbo se encontra no presente, só em outros tempos.

Com efeito, ninguém diria “Hão dificuldades”, mas dizem, equivocadamente, “Haviam” ou “Haverão dificuldades”. Atenção: se se tratar de locução verbal, o verbo auxiliar será afetado pela mesma impessoalidade, ou seja, deverá sempre ser flexionado no singular:

•Deve haver mais candidatos.

•Poderá haver outras exigências.

A frase inicial, depois da correção, fica assim:

Houve problemas de difícil solução.

Pegadinha 120

Moro naquele conjunto de casas germinadas.

As casas só podem ser" geminadas ", pois a palavra é derivada de gêmeos." Germinadas "nem pensar!

Germinar significa brotar, abrolhar, grelar, crescer, difundir-se, gerar, produzir:

•Os grãos germinaram nos campos.

•De uma boa palavra germina o bem.

•A leitura do texto germinou a controvérsia.

A frase inicial, depois da correção, fica assim:

Moro naquele conjunto de casas geminadas.

FONTE: http://www.tudosobreconcursos.com/materiais/portugues/120-pegadinhas-em-lingua-portuguesa

http://www.tudosobreconcursos.com/materiais/portugues/120-pegadinhas-em-lingua-portuguesa
Enviado por Fátima Burégio em 24/01/2014
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