OS ALFABETOS
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“A linguagem é inseparável do homem, segue-o em todos os seus atos. A linguagem é o instrumento graça são qual o homem modela seu pensamento, seus sentimentos, suas emoções, seus esforços, sua vontade, seus atos, o instrumento graças ao qual ele influencia, e é influenciado; a base mais profunda da sociedade humana.” (Louis Hjelmslev, lingüista dinamarquês)
Este texto foi escrito para aqueles que desejam fazer uma idéia aproximada dos alfabetos. Leia o texto e, por fim, assente ou alargue seu conhecimento mediante outras pesquisas.
A grande conquista da escrita foi, sem dúvida, a criação do Alfabeto. Palavra derivada do latim, alphabetum, e de origem grega, alphabetos, formada pela agregação das duas primeiras letras do alfabeto grego alpha e beta, correspondentes às nossas letras A e B respectivamente. As letras do alfabeto representam sons, que combinados, formam todas as palavras possíveis do idioma.
O alfabeto não foi a invenção de uma série de símbolos (signos) gráficos, mas a decomposição da palavra em sons, em que cada qual é representado por um só signo ou letra.
Por isso, os alfabetos são diferentes dos silabários, pictogramas e ideogramas. No silabário, cada sinal representa uma sílaba. Em um pictograma, os objetos são representados por meio de desenhos. No ideograma, os símbolos são combinados paras representar o que não pode ser desenhado.
1. O Alfabeto Fenício, baseado no semita, foi o mais perfeito e mais difundido alfabeto antigo. A simplicidade, a precisão das formas e a escolha de sons simples foram à base para sua perfeição e rápida expansão. Surgiu na região que hoje corresponde à Síria e a Palestina. Uma inscrição descoberta em Akhiram é considerada o seu mais antigo testemunho (séc. XIII a.C.).
Era formado por cerca e vinte e dois símbolos (signos) somente consonantais, que permitiam escrever qualquer palavra. Não tinham símbolos para representar as vogais, que precisavam ser deduzidas no contexto da palavra. A escrita era realizada da direita para a esquerda.
O alfabeto fenício foi transmitido aos Sírios, Persas e Hebreus. As colônias fundadas pelos fenícios em Chipre e no Norte de África e as administrações comerciais instaladas no Egito, contribuíram definitivamente para sua expansão até territórios que não sofreram diretamente a influência fenícia. Daí, afirmar-se, que todos os alfabetos atuais (exceto os do sul da Arábia e o etíope) tiveram como origem o alfabeto fenício.
2. O Alfabeto Grego e Romano – A contribuição fenícia mais importante para a nossa civilização foi a adoção, pelos gregos, entre os anos de 1000 e 900 a.C. (séc. VIII a.C.), do alfabeto usado pelos comerciantes fenícios. Os gregos o aperfeiçoaram, introduzindo-lhe os sons vocálicos. Usaram os sinais consonantais, que eram pouco usados na sua própria língua para representar as vogais. Ficou, então, o alfabeto grego composto de vinte e quatro letras, vogais e consoantes.
Os gregos também mudaram a direção em que o alfabeto era escrito. No início, como os fenícios, era escrito da direita para a esquerda. Depois, houve um período em que a escrita era da direita para a esquerda e da esquerda para direita em linhas alternadas (método chamado pelos gregos de boustrophedon, que significa: maneira como o boi ara o campo). Enfim, ficou estabelecida, como norma, a escrita da esquerda para a direita.
Após 500 a.C. o alfabeto grego difundiu-se por todo o mundo mediterrâneo. Na Idade Média, formar-se-iam ainda a partir do grego o alfabeto gótico e os alfabetos eslavos.
O alfabeto romano ou latino originou-se no grego, conforme os primeiros documentos datados do final do séc. VII a.C., e princípio do VI a.C. Por volta do séc. I a.C., o alfabeto latino encontra-se perfeitamente constituído, constando de vinte e três letras. As letras romanas eram bastante semelhantes às gregas, embora alguns ângulos agudos de certas letras gregas tivessem sido arredondados no alfabeto romano. Ademais, algumas das letras gregas foram retiradas do alfabeto romano - o latim não tinha sons como o [th] ou [ph]. Os manuscritos mais antigos mostram-nos que no alfabeto romano havia somente letras maiúsculas. Contudo, na época em que estas começaram a ser escritas nos pergaminhos, com auxílio de hastes de bambu ou penas de patos e outras aves, ocorreu uma modificação em sua forma original e, posteriormente, criou-se novos estilos de escrita: a oncial, a cursiva romana (conhecida por ser utilizada em atos oficiais), os caracteres minúsculos (utilizados pelos copistas do Ocidente). Esses estilos foram utilizados na escritura de Bíblias, tornando-as lindamente escritas.
No ano de 1522, um italiano, chamado Lodovico Arrighi, foi o responsável pela publicação do primeiro caderno de caligrafia. Foi ele quem deu origem ao estilo que hoje denominamos itálico.
As conquistas que formaram o Império Romano, difundiram o latim, que somado a obrigatoriedade do falar romano nas regiões conquistadas, tornaram este alfabeto a base de todas as línguas européias ocidentais.
3. O Alfabeto Cirílico - Atribui-se aos irmãos Cirilo e Metódio, missionários gregos que viviam em Constantinopla o desenvolvimento do alfabeto cirílico, inspirado simultaneamente no alfabeto grego, no hebraico e no sírio, por volta do ano 860 d.C. Somente as letras utilizadas para expressar sons que não possuíam equivalente grego foram tomadas do alfabeto hebreu e do alfabeto sírio.
O alfabeto cirílico é utilizado por algumas das línguas eslavas (como o russo, o bielorrusso, o ucraniano, o búlgaro, para só citar essas) e até línguas não-eslavas, como o mongol. O cirílico também é utilizado para o sérvio na Sérvia e em Montenegro. Embora, nestes mesmos países, a lingua sérvia pode também ser escrita através do alfabeto latino, enriquecido com alguns signos especiais, escrita adotada pelos católicos romanos da Croácia, enquanto que os ortodoxos da Sérvia continuam fieis à escrita cirílica.
Com o ingresso da Bulgária a União Européia, esta, passa a ter um terceiro alfabeto, ao lado do latino e do grego: o cirílico.
4. O Alfabeto Árabe surgiu, possivelmente, no século IV de nossa era, também tendo como base o alfabeto fenício, usado pelo povo nabateu, que habitava as cercanias do monte Sinai. A escrita é feita da direita para a esquerda, estando a maioria das letras ligadas umas às outras.
O alfabeto árabe sofreu alterações em determinadas épocas e locais distinguindo-se dois grupos principais : O Árabe de Cufa, escrita reservada às inscrições e às cópias do Corão, ou seja, destinadas ao uso litúrgico; e o Árabe Neskhi, escrita redonda da época clássica, tendo como duas formas principais: o árabe oriental e o árabe do Magreb. O Alfabeto Árabe tornou-se a escrita do mundo islâmico. ®Sérgio.
Tópico Relacionado: Os Sistemas de Escritas (clique no link).
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