O APOSTO, UM TERMO ACESSÓRIO NA ORAÇÃO, MAS ESSENCIAL NA ANÁLISE SINTÁTICA

Conforme vimos no QUADRO RESUMO DE ANÁLISE SINTÁTICA (código do texto: T3644446), aqui no Recanto das Letras, o aposto é um dos três termos acessórios da oração (os outros dois são o adjunto adnominal e o adjunto adverbial), que se liga a outro de valor substantivo ou pronominal, com o objetivo de explicá-lo, de lhe dar uma informação mais precisa e específica, e é isolado do restante da oração por vírgulas (ou por uma única vígula se vier no início ou no final da oração), dois pontos, travessões ou parênteses. Quando não há pausa, tais pontuações não são usadas. O aposto pode assumir a mesma função sintática do termo ao qual está associado, e pode ser antecedido por expressões explicativas ( ‘por exemplo’, ‘a saber’, ‘isto é’) , e se liga a termos de quaisquer funções sintáticas:

A suástica provoca, ainda hoje, horrores em pessoas sensíveis.

Podemos acrescentar informações (acessórias) a essa oração. Uma das formas, é através do aposto.

Vejamos:

a) A suástica, o símbolo do nazismo, provoca, ainda hoje, horrores em pessoas sensíveis.

“Símbolo do nazismo” explica e dá uma informação adicional, mas não imprescindível, à construção da oração. Assim, ele é um aposto.

Um aposto pode ter também o seu aposto:

b) A suástica, o símbolo do nazismo, uma cruz gamada, provoca, ainda hoje, horrores em pessoas sensíveis.

“Uma cruz gamada” é aposto de “o símbolo do Nazismo”.

O sujeito da oração “a” (“A suástica”) se for suprimido, seu aposto (“o símbolo do Nazismo”) passa a ser o sujeito, que por sua vez, pode desaparecer na oração “b”. Desta vez, “Um cruz gamada” é que passa a ser o sujeito. Assim, os exemplos confirmam: O aposto pode assumir a função sintática do termo ao qual está associado.

c) O melhor site para escritores anônimos, o Recanto das Letras, com freqüência, revela grandes talentos.

Nessa oração, “O Recanto das Letras" é o aposto. Por isso, ele pode substituir o sujeito a que se refere, caso este seja eliminado da oração.

d) Ontem, sexta-feira da paixão, o vinho e o peixe abundaram nos lares brasileiros.

Na oração “d”, “sexta-feira da paixão” é aposto de um ajunto adverbial (“ontem”) e pode assumir a função sintática dele:

Sexta-feira da paixão, o vinho e o peixe abundaram nos lares brasileiros.

e) Gosto de diversas frutas: Abacaxi, laranja, caqui, manga, maçã, goiaba, maçã e outras.

Suprimindo o objeto indireto “diversas frutas”, o aposto (“Abacaxi, caqui...”) cumpre o papel dele na oração

f)Filipe conquistou a Grécia e seu filho ampliou enormemente o império.Vejamos a mesma oração repleta de apostos: Filipe, o macedônico, pai de Alexandre, discípulo de Aristóteles, grande filósofo grego, conquistou a Grécia, e seu filho, Alexandre Magno, o conquistador mais famoso da Antiguidade e casado com Roxana, ampliou enormemente o império.

g) Pandora inundou a humanidade de males, a saber, a inveja, a cobiça, a meledicência, a doença, o envelhecimento, a guerra, a morte, etc., ao abrir levianamente a ‘caixa dos males’. Só a esperança, a tábua que salvaria o homem, ficou retida. Temos nesse período dois apostos, a saber: , “ a inveja, a cobiça,... a morte, etc.”, e “a tábua que salvaria o homem”.

h) O escritor Leon Tolstoi escreveu um dos mais volumosos livros da História da Literatura Universal (‘Guerra e Paz”). “Leon Tolstoi” é aposto de “O escritor”, mas, como não é pausado, não é pontuado. Já o nome do livro dele, entre parêntese, “Guerra e Paz”, é aposto do objeto direto precedente e é pausado.

i) Alfabeto Brasileiro de Sinais (idioma dos surdos brasileiros), o LIBHAS conquista cada vez mais adeptos. Aqui, a oração se inicia com o aposto (“O alfabeto brasileiro para surdos”), que, por sua vez, tem um aposto entre parêntese: “idioma dos surdos brasileiros”.

j) O aposto pode ser antecedido de preposição, quando ligado a objeto indireto, complemento nominal ou adjunto adverbial: Com tudo ela se admirava: Com as largas avenidas, com o burburinho dos carros, com os altos prédios. (Admirar: VTI. Pede a preposição com).

k) Todos conhecemos Dilma, a presidente. Aqui o aposto (a presidente) finda a oração. É isolado por apenas uma vírgula.

Classificação Dos Apostos:

a) Explicativo: Serve para explicar e é seguido de vírgula. Olavo Bilac, o príncipe dos poetas brasileiros, foi nosso maior poeta parnasiano.

O PT (Partido dos Trabalhadores), no poder, deletou nossa última utopia...

b) Recapitulativo (resumidor): Resume a oração toda. Riquezas, luxo, carinhos , nada a confortava (sua depressão era intensa).

O entrar e sair de pessoas, as vendedoras, as ligações telefônicas, o jeito do gerente se portar, tudo era alvo de sua atenção.

c) Enumerativo: Enumera elementos do termo a que se liga: A sociedade brasileira carece de tudo que o Estado deveria nos oferecer: Saúde, educação e segurança.

Comprei todo o material escolar: Canetas, cadernos, livros, borrachas, etc.

d) Comparativo: A bocarra do animal, verdadeiro buraco negro, consumia tudo em sua volta.

e) Distributivo: Euclides da Cunha e Augusto dos Anjos, dois titãs da literatura brasileira; aquele, na prosa; este, na poesia.

f) Aposto Oracional (o aposto é uma oração): Ela morreu afogada, prova de que não sabia nadar.

g) Especificativo: O estado da Paraíba é pobre. A cidade de Campina Grande tem clima ameno. O escritor José Américo foi também um grande político.

Nota: O aposto especificativo não é pontuado e individualiza um ser genérico, a que se prende direta ou indiretamente, sem pausa.

É importante não confundir tal aposto com um adjunto adnominal:

Consideremos esta oração: A cidade de Campina Grande... Aqui “de Campina Grande” é um aposto: Uma cidade está individualizada entre tantas outras, com seu nome.

Já nesta: O clima de Campina Grande..., “de Campina Grande” tem função adjetiva; é, assim, um adjunto adnominal, em forma de locução adjetiva, e corresponde ao adjetivo “campinense”.

Pedro Cordeiro
Enviado por Pedro Cordeiro em 11/05/2012
Reeditado em 11/05/2012
Código do texto: T3662904
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