QUANDO, NA ORAÇÃO, O SUJEITO NÃO TEM VEZ (ORAÇÃO SEM SUJEITO).

Já dissemos aqui no RL, que, ao contrário do que a NGB (Nomenclatura Gramatical Brasileira) afirma, o sujeito não é um termo essencial na construção de uma oração. O verbo, sim. Este é o elemento definidor daquela. Implícita ou explicitamente, toda oração tem um verbo.

Comentámos, inclusive, que chega a ser contraditório: A mesma NGB que aponta o sujeito como termo essencial da oração, fala em ORAÇÃO SEM SUJEITO.

Abordemos este assunto hoje: Os casos em que é possível, mais do que isso, obrigatório, se construir ORAÇÕES SEM SUJEITO.

Nas orações sem sujeito, há somente o predicado, e o verbo, portanto, é impessoal. A ser algum se atribui o que se enuncia no processo verbal.

Eis os casos principais de oração sem sujeito:

1) Verbos SER, ESTAR, FAZER e HAVER quando se refere ao tempo cronológico ou a fenômenos do tempo meteorológico:

Verbo SER: É tarde. É manhã. É uma hora da tarde. São dez horas da noite. Hoje, são vinte e sete de setembro. Hoje, é (dia) vinte e sete de setembro.

Ao analisarmos a concordância do verbo SER acima, ao se referir ao tempo, concluímos: a) Ele fica no singular quando a expressão numérica que o segue é a unidade (um, uma), ou no plural, quando ele é seguido de um número maior que um/uma; b) Ele fica indiferentemente no plural ou no singular nas datas, pois pode concordar com a expressão numérica ou com a palavra DIA, subtendida.

a) Verbo ESTAR: Está muito cedo (tempo cronológico) e frio (tempo meteorológico).

b) Verbo FAZER: Faz mais de cem anos que foi “proclamada” a república brasileira. Faz mais de um século que vivemos sob o império da corrupção desenfreada (tempo decorrido). Fez 48º C ontem numa cidade do interior do Nordeste (tempo meteorológico), e a média da temperatura na Terra só faz crescer.

c) Verbo HAVER: Há 500 anos começou a destruição da Floresta Atlântica Brasileira (tempo cronológico). Há (existem) e havia (existiam) muitos meios de se viver sob a égide do desenvolvimento sustentável, mas o homem, cobiçoso e imediatista, acha mais fácil destruir a mãe Natureza.

d) Verbo FAZER: Faz mais de 120 anos que Dreyfus foi condenado na França injustamente, justamente na civilizada França. O episódio nos alerta para três fatos: A Justiça erra demais (no Brasil seus erros chegam a ser mais do que escandalosos); a polícia judiciária não é, em absoluto, confiável (pois forja provas); o povo judeu precisava o mais urgente possível ter de volta um torrão pátrio. FAZIA longos séculos que eram implacavelmente perseguidos!

Nota: Os verbos das orações sem sujeito (impessoais), exceto o SER, devem ser usados, sempre, na terceira pessoa do singular.

2) Verbos indicadores de fenômenos naturais:

Choveu demasiadamente ontem: Choveram desgraças nos morros.

Trovejou a noite toda: Trovejaram gritos de medo por toda parte.

Anoiteceu repentinamente: No mundo das drogas, muitas vidas anoitecem antes de entardecerem.

Conforme mostram os exemplos acima, quando usados conotativamente, esses verbos (impessoais) podem se tornar pessoais, isto é, as orações podem "ganhar" um sujeito.

Pedro Cordeiro
Enviado por Pedro Cordeiro em 27/04/2012
Reeditado em 07/05/2012
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