Qual O Certo? : Roubámos ou Roubamos

Eticamente, conjugação alguma do verbo roubar é correta. Na forma finita ou infinitiva, não importa, roubar é um erro sério. Tão sério que o Código Penal prevê pena privativa de liberdade para esse erro grave, considerado um crime em todas as civilizações, contemporâneas e pretéritas (e ainda há uns "sabichões" que dizem não existir valores absolutos! Pode?).

Basta ler este artigo do Código Penal:

Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência.

Por esse artigo, fica bem definido o que é o crime de roubo. É muito diferente do artigo classe gramatical. Aqui, muitas vezes, o artigo fica indefinido. Um erro, neste caso, apenas baixa a nota de alguém, que deixa de passar num concurso ou numa prova, por ter incorrido num erro trivial.

Outra diferença: O número. Pelo CPP, quanto maior o número de pessoas que se juntaram para roubar, pior. Uma pessoa que rouba só, é diferente de quem rouba em grupo (quadrilha, bando). Um erro no quesito número, em Gramática (singular ou plural), geralmente não tem consequências tão graves assim.

Curioso é que roubar, ou furtar ( o "roubo" sem armas) é como a guerra: Se você furtar em grande quantidade não é crime, ou a penalidade não lhe é imposta. Na guerra, assassina-se aos milhares ou aos milhões, e não é crime. Se alguém matar "apenas" um semelhante, aí sim, vai pra cadeia. Se bem que, também aqui, o "vil metal" exerce sua influência: O rico costuma ser mais igual do que o pobre, desde a fase do inquérito policial até a sentança judicial. Tudo conforme aquela proverbial frase: "Seja lá qual for a natureza e o grau dos problemas, aonde dinheiro for e não os resolver, é porque foi pouco".

Na política, ou melhor, em cargos públicos, se furta em cifras de bilhões, mas o dinheiro, como dá para todo o mundo, ninguém é punido.

Deixemos o Direito e a Moral e vamos à Gramática.

Roubámos ou Roubamos, qual o correto? Os dois. As duas formas estão corretas. Apenas há a possibilidade de, quando se tratar do verbo na primeira pessoa do plural do pretérito perfeito do indicativo, usarmos a forma com acento gráfico (roubámos, comprámos, corrémos), para distinguir do presente do mesmo modo, número e pessoa, caso em que se veda o uso do diacrítico. Para o presente, por exemplo, você não pode escrever: Nós nos amámos. De poder, até que pode, mas corre o sério risco de receber um adeus antes do tempo de seu objeto de amor.

Resumindo: Para o pretérito, as duas formas (roubámos e roubamos) são corretas. Eventualmente, por questão de clareza, a forma com acento gráfico pode ser a mais adequada.

Para o presente, a única forma correta é a sem o sinal de acentuação: Roubamos (falamos, comemos, pedimos...).

Pedro Cordeiro
Enviado por Pedro Cordeiro em 24/01/2012
Reeditado em 03/02/2012
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