Princípios E Regras. E Uma Pergunta Sobre Substantivos Próprios E Comuns

Pelo nível de quem escreve aqui, certamente todos sabem o que seja substantivo próprio e substantivo comum. Sabem conceituá-los e quais são. Isso não importa muito, portanto.

Só para introduzir o assunto:

Substantivo comum: Refere-se, genericamente, aos entes de uma espécie.

Substantivo próprio: Nomeia seres dessa espécie, de forma particularizada.

Exemplos de substantivos comuns: cidade, país, pessoa, lugar.

Exemplos de substantivos próprios: Campinas, Peru, Lis, Europa.

Até aqui há consenso.

Mas, para os casos dos meses do ano e dias da semana, pelo conceito de substantivo próprio e substantivo comum, qual é a explicação

de os nomes dos dias e de os meses do ano não serem próprios?

Sempre por trás de uma norma, de uma regra e de uma lei, há um princípio (ou uma doutrina). Quando estudo, minha preocupação é sempre voltada mais para entender o princípio que norteou uma regra do que com a própria regra.

Exemplificando: Todos sabem que para iniciar uma oração em que a primeira palavra é um verbo no futuro do presente ou no futuro do pretérito, devemos usar a mesóclise, caso teremos de usar pronomes oblíquos.

O princípio que norteia tal regra salta aos olhos (ou melhor, aos ouvidos): A eufonia.

Quem soa mais belo: "o comprarei", "comprarei-o", ou "comprá-lo-ei"?

Ou: "O comprarão", "comprarão-o", ou "comprá-lo-ão"?

Precisa de resposta?

Claro que "comprá-lo-ei" e "comprá-lo-ão" são muito mais melódicos, muito mais agradáveis de se ouvir.

Portanto, as regras não são criadas em Gramática por capricho (ou "chatice" de professores), não. Elas são criadas em consonância com certos princípios: O da eufonia, o da clareza, o da expressividade e outros mais.

Quem estuda Gramática sem estar atento a esse detalhe, fá-lo como que carregando um grande fardo.

Aliás, isso não é válido só para Gramática, não. Serve para todos os tipos de normas. Mais importante e interessante do que procurar saber qual a norma, qual a lei e qual a regra, é descobrirmos quais os princípios norteadores deles. Quem estuda Direito ou é um agente dele e só quer saber o que diz uma lei, qual seu artigo, em que código se encontra, para tal pessoa, Direito é um parcaria, um fardo. Já quem se preocupa com os princípios e com as doutrinas, esse ama o assunto.

Essa questão é de importância tamanha que um grande jurisconsulto (esqueci o nome dele) disse mais ou menos assim: "Se você descumpre uma lei, apenas atenta contra um artigo; se vai de encontro a um princípio, fere o ordenamento jurídico por completo".

Perdão pela tergiversação! Um assunto puxa outro, uma ideia leva a outra e...

Voltando ao assunto dos substantivos próprios e comuns, para mim, "mês" e "dia" são substantivos comuns, porém o nome deles, na medida em que são particularizados, individualizados (Sábado, Domingo, Janeiro, Março) são próprios e deveriam ser grafados com letra inicial maiúscula, tais como estão no parêntese.

Penso que esse caso resultou não de um princípio, mas de uma convenção. Talvez os gramáticos tenham sido rendidos à generalização do uso. Isto também pode acontecer.

Que acham vocês?

Pedro Cordeiro
Enviado por Pedro Cordeiro em 21/01/2012
Reeditado em 22/01/2012
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