História e História De Duas Palavras (Históricas) : Crasso e Laconismo.

Esparta era uma cidade-estado grega. Ficava na Lacônia, uma região da península do Peloponeso (na Grécia Continental). A principal cidade do Peloponeso era Esparta, que foi invadida e conquistada pelos dórios, com um número muito menor de soldados do que a população local. Para manter o domínio sobre essa população, os dórios de Esparta, os espartanos, praticamente montaram um acampamento militar e assim se mantiveram durante toda sua História. Eles converteram a população invadida em escravos (hilotas) e se aplicaram com afinco à carreira militar. Todo espartano era um soldado. Toda educação em Esparta era voltada para formar bons guerreiros. Nascida uma criança, as autoridades decidiam se ela deveria viver ou não, dependendo do aspecto dela. Se se mostrasse saudável e forte, viveria. Caso contrário, era sacrificada. A família só ficava com a criança até os sete anos, idade a partir da qual as autoridades assumia o restante da formação e educação. Uma vez alcançada a idade de se tornar soldado, assim permanecia até 60 anos.

Esse militarismo fez do espartano uma pessoa de poucas palavras, acostumado que estava a somente cumprir ordem. Como, diferentemente de Atenas, onde havia uma democracia direta (só para os cidadãos), e não precisava fazer discursos nem aprender oratória, falava quase monossilabicamente.

Há uma lenda ilustrativa: Quando Filipe da Macedônia (pai de Alexandre Magno), depois de conquistar as demais partes da Grécia, aproximou-se de Esparta, mandou um mensageiro às autoridades espartanas ameaçando-as de invasão e de completa destruição SE elas não se rendessem. Filipe recebeu um mensageiro espartano com uma longa carta com todo este contúdo: SE. Filipe se indignou e ainda reclamou: E Esparta manda um reles mensageiro para falar comigo, ao que este comentou “Um para Um”.

Essa lenda tem outras versões, mas o que importa é que ela ilustra bem a “pouca conversa” dos espartanos.

Devido ao fato de usar o menor número de palavras possível para se comunicar, LACONISMO passou à história (ou melhor, aos dicionários) como sinônimo de conciso, monossilábico, de poucas palavras, vocábulo mais usado no sentido pejorativo, tal como a fala de Fabiano (e sua família), personagem do livro Vidas Secas, de Graciliano Ramos.

Crasso era um general romano, componente do Primeiro Triunvirato. Os Partos era um “povinho” lá do Oriente, que havia se rebelado contra o domínio romano. Crasso foi lá dar-lhe um castigo. De tão frágil era os Partos relativamente ao poderosíssimo exército romano, que Crasso resolveu ir resolver a parada sem organizar o exército. Foi entrando mais ou menos em filas indianas num território desconhecido, falha grosseira que os partos souberam tirar proveito. Mataram romanos como se matam moscas.

Resultado: Com essa falha estúpida, os romanos perderam a batalha. E a palavra CRASSO passou a significar ERRO GROSSEIRO. Quando se diz : “O português são um povo burro”, você comete dois erros crassos contra o português.

Umas curiosidades:

1) Dizem que Filipe desistiu de invardir a Lacônia, o que fica provado num documento muito posterior de seu filho Alexandre, quando já havia conquistado toda a Pérsia, que colocava Esparta como cidade ainda não conquistada.

2) O historiador Will Durant usou a expressão “os espartanos se tornaram escravos dos próprios escravos”, uma vez que era necesário um preparo e uma atenção ( e tensão) constantes para que os escravos hilotas, a grande maioria da população de Esparta, não pudessem se revoltar contra os minoritários dominadores. Havia, inclusive, o costume anual de assassinato coletivo de hilotas para que a população destes não crescesse demasiadamente. Tal prática fazia parte dos exercícios militares, uma das últimas etapas da formação dos jovens antes destes se tornarem soldados.

3) Em Esparta, uma singularidade: O escravo não era tito como mercadoria. O hilotas não eram negociados, por serem propriedade do Estado. Este podia doar alguns aos aristocratas, mas não como propriedade particular.

Pedro Cordeiro
Enviado por Pedro Cordeiro em 12/01/2012
Reeditado em 14/01/2012
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