Entenda a Acentuação E Aprenda Sem "Decorar" Regras.

Alunos e professores, em geral, encaram as regras de acentuação como um óbice ao aprendizado e não como algo altamente facilitador para se captar de imediato, na leitura, a tonicidade correta de uma palavra.

Arredondando, apenas 20% dos vocábulos da Língua Portuguesa são acentuados. 70% do nosso léxico é paroxítono. A maioria termina em A, E, O, e ENS.

Então, temos uma tendência de ler as palavras de modo paroxítono.

Os gramáticos criaram as regras de acentuação baseados nesses fatos (da fala).

A rigor, só há dois tipos acentos gráficos: O agudo e o circunflexo. Os outros diacríticos cumprem outras funções nas palavras.

RUBIA CRISTINA DOS SANTOS, no seu artigo científico (ACENTUAÇÃO GRÁFICA: Compreendendo o porquê das regras, através da tendência na leitura das palavras”, (1910, Itajaí, SC), comenta:

“As regras de acentuação não são apenas algo para ser decorado, mas para compreender o motivo de suas origens”... “A linguista Raquel Santana (2003) observa que, numa língua como a portuguesa, o acento pode ter a função distintiva, basta analisar as palavras: sábia, sabia e sabiá; pois é o acento gráfico que distingue seus significados”.

“De acordo com Duarte (2009), a utilização de acentos gráficos vem da Grécia Antiga. ‘Sua finalidade era indicar a sílaba tônica e também marcar os fonemas aspirado’. Comenta que, obviamente, os gregos não necessitavam dos acentos para falar corretamente o próprio idioma. ‘O brasileiro também não precisa saber escrever para poder falar o Português. A verdade é que o sistema de acentos é muito mais útil a um estrangeiro que deseja falar corretamente do que ao falante nativo, para quem a sinalização parece supérflua’. O seu principal objetivo, assim como aos gregos, era indicar, quando fosse necessária, a correta colocação da sílaba tônica na palavra: especialidade que, na Fonética, é chamada de Prosódia”... As regras têm como principais objetivos: acentuar o menor número possível de palavras e empregar o acento com a finalidade de garantir uma única pronúncia para a palavra. Acrescenta que há um fato perceptível: como o menor contingente de palavras portuguesas é de PROPAROXÍTONAS, a regra determina que todas sejam acentuadas. A seguir, opondo-se os outros dois contingentes, a regra examina quais as terminações com menor incidência entre as OXÍTONAS e as PAROXÍTONAS e determina o emprego de acento nos grupos minoritários. Por fim, como as questões envolvendo ditongos e hiatos não ficam resolvidas pelas regras básicas, novamente se recorre às ocorrências desses encontros vocálicos para se determinar o emprego de acento nos grupos de menor freqüência. Isso explica, por exemplo, por que nos ditongos abertos a regra só menciona ÉI, ÉU e ÓI, que têm menor ocorrência do que seus correspondentes fechados: não há em português o ditongo aberto ÓU (existe a pronúncia brasileira mas a grafia é com L: sol . Cerca de 80% das palavras não são acentuadas. Para compreender este assunto é só observar a base: ‘só assinalar o inesperado; deixar sem marca o que é previsível’, já que o objetivo da acentuação gráfica é indicar uma pronúncia inesperada’. A tendência é as palavras serem paroxítonas e acabarem em “a(s)”, “e(s)”, “o(s)” e “em(ens)’... Já que a acentuação gráfica é um dos conteúdos primordiais para termos uma boa escrita, é importante apontar dados da última edição do Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional – INAF (IPM, 2005). “Apenas 26% da população entre 15 e 64 anos têm domínio pleno das habilidades de leitura e escrita, enquanto a maior parte, 38%, encontra-se no nível de alfabetização básica”.

É mais do que preocupante o descuido e o despreparo dos próprios professores da Lígua Portuguesa com o vernáculo.

É bom que observemos que em todas as línguas do mundo a escrita representa a fala. E a maioria nem sequer tem sistema de escrita. Mas esse fato não impede que as pessoas se comuniquem e falem.

Com as letras, apenas tentamos representar os fonemas, algo impossível de se fazer integralmente. Os diacríticos, dentre eles os sinais de acentuação, auxiliam as letras nessa tentativa de representar a fala.

Pedro Cordeiro
Enviado por Pedro Cordeiro em 07/01/2012
Reeditado em 08/01/2012
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