ELYS REGINA E A GRAMÁTICA

Nobre leitor, com este texto, vamos conversar sobre a prosopopeia, também conhecida como personificação. A prosopopeia é uma figura de pensamento que consiste em atribuir a seres sem vida ( inanimados) predicados que são próprios dos seres vivos . Quando se diz, por exemplo, “a natureza parece estar chorando”, há a presença de uma personificação.

Na letra da bela canção “As Pastorinhas”, de Noel Rosa e João de Barro, temos a presença da figura de pensamento em análise nos seguintes versos: “A estrela d ‘alva / no céu desponta / E a lua anda tonta / com tamanho esplendor (...)”.

São muitos os exemplos de prosopopeia constantes nas letras da MPB. Em 19 de janeiro de 1982, deixava este plano físico uma das principais intérpretes da MPB (Música Popular Brasileira), Elys Regina. Esta cantora deixou muitos sucessos, pois marcou, com “tons” nobres, a nossa música. Entre os seus sucessos, está a canção “o bêbado e a equilibrista”, composta por João Bosco e Aldir Blanc. Na letra dessa canção, há exemplos de prosopopeia. Eis uma parte da letra: “Caía a tarde feito um viaduto/ E um bêbado trajando luto / Me lembrou Carlitos.../A lua/ Tal qual a dona do bordel/ Pedia a cada estrela fria/ Um brilho de aluguel/ E nuvens!/ Lá no mata-borrão do céu / Chupavam manchas torturadas/ Que sufoco!”

Encontrou os exemplos de prosopopeia ? Vamos à resposta. “A lua, / tal qual a dona de um bordel, / pedia a cada estrela fria / um brilho de aluguel. / E nuvens, / lá no mata-borrão do céu, / chupavam manchas torturadas – que sufoco!”. A lua “pedia” e as nuvens “chupavam” .

Vamos continuar misturando MPB ( da boa) e prosopopeia? Em “João e Maria”, de Chico Buarque e Sivuca, a personificação faz-se presente nos versos: “Agora eu era o herói /E o meu cavalo só falava inglês...”.