Sinais de pontuação
O emprego adequado dos sinais de pontuação é de fundamental importância para o sentido de uma frase. Particularmente o emprego da vírgula requer cuidados especiais, devido à sua multiplicidade de aplicações e efeitos.
I - VÍRGULA: assinala uma pequena pausa.
1 - Usa-se entre os termos da oração:
a – Separando elementos de mesma função sintática, normalmente assindéticos:
Os livros, os cadernos, os lápis e as borrachas estão sobre a mesa.
Se a conjunção e se repete, a vírgula também deve ser repetida:
Comprou sapatos, e bolsa, e meias.
b – Assinalando a supressão do verbo:
No céu, as estrelas.
c – Separando adjuntos adverbiais antecipados, isto é, colocados antes do verbo:
Neste momento, o pelotão se pôs em fuga.
d - Separando o aposto explicativo:
Jorge Amado, autor de Jubiabá, é um excelente romancista.
e – Separando o vocativo: Não toque nesses doces, menina!
f – Separando datas de localidades: São Paulo, 24 de setembro de 2009.
g – Separando expressões de caráter explicativo como: por exemplo, ou seja, isto é, etc.
h – Separando uma conjunção colocada no meio da oração:
Ela virá. Não se sabe, contudo, quando.
i – Separando objetos pleonásticos: O relógio, guardo-o no bolso do colete.
2 – Usa-se entre orações:
a – Separando as orações coordenadas assindéticas: Pare, olhe, siga.
b – Separando as orações coordenadas sindéticas, exceto as ligadas pela conjunção e:
Vá, mas volte sempre.
c – Separando as orações coordenadas sindéticas, ligadas pela conjunção e, de sujeitos diferentes: Ele foi ao Japão, e ela à Itália.
d – Separando as orações adverbiais; principalmente quando antepostas à oração principal:
Quando saístes, ela chegou.
e – Separando orações adjetivas explicativas: O homem, que é mortal, retorna ao pó.
f - Separando as orações reduzidas adverbiais, adjetivas explicativas e substantivas apositivas:
Saciada a sede, contou-nos a aventura.
g – Separando as orações intercaladas:
Cério, afirmou Antônio, que este é um caso perdido.
3 - Não se usa vírgula:
a – Entre sujeito e predicado: Os pequenos irmãos de Zulmira destruíram meu jardim.
b – Entre verbo e seus complementos: Entreguei o presente ao aniversariante.
c – Entre o nome e seus adjuntos e complementos nominais:
A minha maio necessidade é de que você me compreenda.
d – Entre a oração principal e a subordinada substantiva (que não seja apositiva):
Todos querem que você se saia bem no teste.
II - PONTO: Assinala o final de uma frase, uma pausa um pouco mais demorada de voz, devendo os períodos seguintes permanecer à mesma linha de pensamento.
A menina abriu os olhos pasmada. Suavemente avisado, o cachorro estacou diante dela. Sua língua vibrava. Ambos se olhavam. (Clarice Lispector)
III – Ponto-final: Assinala a passagem de um grupo de idéias a outro de natureza diversa:
A monarquia se enterrava. Revogou-se, portanto, o exílio dos Braganças, trouxeram-me para cá os ossos do velho monarca e de sua esposa. E recebeu-se e recebeu-se a visita do Rei Alberto, a quem ofereceram festas magníficas.
As finanças do Brasil não iam mal, permitiam despesas de vulto. Iniciaram-se então as obras contra a seca do Nordeste, que logo foram interrompidas. ( Graciliano Ramos)
IV - Ponto de interrogação: Usa-se nas interrogações diretas:
Fazer o quê? O vazamento se dava entre o soalho e o forro, não havia acesso possível. Onde descobrir um bombeiro em Londres, num sábado à noite? ( Fernando Sabino)
V- Ponto de exclamação: Usa-se nos enunciados de entonação exclamativa, depois de interjeições, vocativos, apóstrofes ou verbos no imperativo:
Que bela vitória! / Ó jovens! Lutemos! / Oh! Meus amores!
VI – Ponto e vírgula: Sinal intermediário entre vírgula e ponto. Observa-se a tendência, entre os escritores modernos, de usar o ponto onde normalmente se usava o ponto e vírgula. É usado geralmente:
a – Separando orações coordenadas assindéticas de maior extensão:
Creio que todos chegarão cedo; o avião decolou no horário previsto.
b – Separando, numa série, elementos que já estão anteriormente separados por vírgulas:
Encontramos na reunião: José, o presidente; Pedro, o vice; Carlos, o primeiro secretário; Francisco, o tesoureiro; e outros convidados.
c – Separando orações ligadas pelas conjunções: por conseguinte, portanto, contudo, entretanto, consequentemente:
Nós não conseguimos esperar; contudo, afirmava-se que eles não demorariam.
VII - Dois pontos: Empregam-se os dois pontos:
a – Antes de uma citação:
Vejamos o que nos diz Gilberto Freire: “(....) a arquitetura doméstica no Brasil está em fase de transição patriarcal para sua adaptação a circunstâncias pós-patriarcais”.
b – Antes da enumeração de uma série de itens:
A dupla articulação da linguagem caracteriza-se: a) pela combinação e b) pela comutação.
c – Entre duas afirmativas, quando a segunda explica ou esclarece a primeira:
Todos sabiam: ele não seria eleito.
VIII – Reticências: Usam-se reticências para:
a – Marcar uma interrupção na frase. Indicando que foram suprimidas algumas palavras:
Vou contar aos senhores (...) principiou Alexandre amarrando o cigarro de palha. (G. R.)
b – Exprimir dúvida:
Meu irmão, tipo sério, responsabilidades. Ele, a camisa; eu, o avesso. Meio burguês, metido a sensato. Noivo... (Manoel da Fonseca)
IX – Travessão: Marca nos diálogos, a mudança de interlocutor:
- Quais são os símbolos da Pátria?
- Que pátria?
- Da nossa pátria, ora bolas! (Paulo Mendes Campos)
Serve para isolar palavras ou frases, destacando-as:
Mesmo com o tempo revoltoso – chovia parava, chovia, parava outra vez... – a claridade devia ser suficiente p’ra mulher ter avistado mais alguma coisa. ( Mário Palmério)
X – Parênteses: Empregam-se os parênteses:
a – Nas indicações bibliográficas:
“Sede assim qualquer coisa serena, isenta, fiel.” (MEIRELES, Cecília. Flor de poemas. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1972, p. 109)
b – Nas indicações cênicas dos textos teatrais: Mãos ao alto! (João automaticamente levanta as mãos, com os olhos fora das órbitas. Amália se volta.) (G. Figueiredo)
c – Quando se intercala num texto uma idéia ou indicação acessória:
(...) e a jovem (ela tem dezenove anos) e o jovem poderia mordê-lo, morrendo de fome. (Clarice Lispector)
d – Para isolar orações intercaladas:
Estou certo que eu (se lhe ponho
Minha mão na testa alçada)
Sou eu para ela. ( Manoel Bandeira)
XI – Aspas: São empregadas:
a – Para marcar citações:
Eu vejo todo mundo cantando assim na televisão: “Salve lindo pendão da esperança, salve símbolo augusto da paz...” (José Carlos de Oliveira)
b – Para assinalar palavras ou expressões que pertençam a um nível de linguagem diferente do empregado: gírias, estrangeirismos, arcaísmos, neologismos, etc.:
“October sigh”: Toda ela resplandece e triunfa no sossego da casa (...) (José Cardoso Pires)
c – Para dar ênfase a determinada palavra ou expressão:
Ivo tentava se convencer da impossibilidade de acreditar na “ Providência Divina” (...) (Octávio de Faria)
Fonte: (MAIA. João Domingues. Gramática – Teoria e exercícios. São Paulo. Editora Ática. 3ª edição, 1994, pág. 280-284)
Obs.: Selecionando material para minha neta de 14 anos estudar, para a seleção do CAP da UFRJ e o CEFET, achei interessante publicar aqui. Pode servir para outras pessoas.
Praia do Anil, 25 / 09 / 2009