A REDUNDANCIA DO ALFABETO: "recontratando" a letra "Q"

Dirijo-me aos leitores para pedir perdão a eles por haver "escorraçado" a letra "Q" do nosso alfabeto. Em discussões (no bom sentido, só discutindo o tema) virtuais, me veio a seguinte luz: O que seria do fenômeno linguístico que ocorre em QUASE (um ditongo crescente) se não existisse o "Q"? KUASE e CUASE seriam hiatos, mas a língua falada exige a pronúncia QUAR de uma vez só, e não CUAR (CU-AR) ou KUAR (KU-AR).

Neste momento vem a lume uma falha do alfabeto (carência de uma letra: a letra GUÊ, pois o G que temos quando se associa ao "E" e ao "I" desmunheca em "J". Além do mais, um dia surgirá o fenônemo linguístico HIATO com o fonema GUE: MAGUAR (MA-GU-AR), que já existe na fala, mas se escreve MAGOAR. Se fosse com fonema Q (MAQOAR), não seria com Q e sim com C ou K.

Temos que tirar o G (já temos o J) e criar o GUÊ e o GA. Assim teríamos BILINGUE (ou é BILÍNGÚE? com dois acentos?) com GUÊ, e GATO com GA. GETO não precisaria do U. Ou precisaria, a exemplo de queijo (qeijo pode?)

Aguar seria ditongo ou hiato? Nem sei responder. Fico devendo. Mas se for ditongo fica com GUE; se for hiato, fica com GA. O C merece ser abolido, deixando o K em seu lugar. O cedilha nunca devia ter nascido. Afinal, para que NASCIDO com SC? Ninguém pronuncia as duas letras mermo, desculpe, meSmo.

Os gramáticos deveriam preocupar-se mais com essas adequações da escrita para a fala, e não fazer manual de ortografia e outros dinossauros com que ninguém se preocupa a não ser eles mesmos.

Existe um alfabeto fonético que traz todos as ocorrências linguísticas conhecidas até o momento (se escapar algum, eu aviso). Eu não posso passar para os leitores o alfabeto fonético, pois o meu texto só permite escrever o trivial, com carecteres comuns, sem negritos, letras gregas, etc. (minha assinatura é gratuita e não pretendo ir além ela, por falta de necessidade mesmo).

Mas prometo que qualquer leitor que me enviar um e-mail solicitando tal alfabeto fonético, eu responderei com o dito cujo anexado em arquivo.PDF, que já estou começando a construir.

OBS.1: O alfabeto grego só possui 24 letras, mas não há confusão com as letras "G" e "J" (esse som "JÊ" não existe no grego). Lá não existe o C gráfico. Bastam o sigma (som de S) e o kapa (som e grafia K). Lá existe o THETA (com o som semelhante ao que ocorre em THINK (em inglês: pensar); em grego : ´Ó THEÓS, que em português é Deus, quando aliplicada ao Deus único dos monoteístas); em vez do z tem o DZETA (com som de DZ; não confunda com o som que ocorre em THAT (isso em inglês). O X grego (escreve assim mesmo), (KHI) tem o som que ocorre em MICHAEL (ele mesmo, o SCUMACHER) que no sobrenome também possui o fonema X (KHI) na últma sílaba.

OBS.2: Nunca a escrita vai acompanhar a fala, pois a escrita depende de milhões de reuniões de países que falam a mesma língua, depende dos políticos, da sanção presidencial, ou seja, a escrita é burocrática; é tanto que exige papel. Ou exigia antes do computador.

A fala é diferente. Ela é natural, dinâmica, ampla, ilimitada. Lembrando o competente linguista Marcos Bagno¹, a escrita é o mapa e a fala (falada com o aparelho fonador) é o território. Outra comparação (do Marcos Bagno): A gramática é o motor, os gramáticos são os mecânicos, enquanto a fala é o carro, e nós (pobres mortais) somos os felizes motoristas, a conduzi-la com muita competência, sem precisar conhecer o motor (digo a gramática), e sem dar "sastifa" aos mecânicos (os gramáticos).

OBS.3: Acredito que os sons que conhecemos estão longe de esgotar as possibilidades fonéticas do nosso maravilhoso aparelho fonador. Podemos introduzir o "V" e o "JÊ" na fala grega; podemos incrementar o hebraico com o "JÊ". Podemos criar uma letra para representar o DZETA grego ( se surgir o fonema por aqui), e o TSADÊ hebraico, som que ocorre no inglês (WATSON). Que tal arranjarmos uma letra para o TZ que ocorre no italiano PIZZA?

OBS.4: "Ômi, qué sabê duma coiza? Dêxa as letra nu lugá delas, pois com tanta letra, inda inziste fonemas que inzigiriam a criação de mais letras!"

Deixa as letrinhas nos lugares delas, deixa!

(¹) BAGNO, Marcos. Preconceito língüístico - o que, como se faz. Ed. 49ª, Loyola, São Paulo:1999

António Fernando
Enviado por António Fernando em 29/07/2009
Reeditado em 30/07/2009
Código do texto: T1725725
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