FONOLOGIA E FONÉTICA

Existem dois aspectos a serem estudados no âmbito dos sons de uma língua. O aspecto fonético e o fonológico. Para este estudo, vou chamar de fonética aquele fenômeno em que uma troca de som muda a semântica.

Exemplificando: PATO, GATO, RATO. Cada vez que troquei a primeira letra, mudei o som e o significado da palavra. Para alguns autores isso é fonética.

Na fonologia, troca-se o som, mas mantém-se o significado. É o sotaque da região que faz mudar um pouco o som. Vejamos: Na cidade de Juazeiro do Norte, no Cariri cearense, pronuncia-se leite (L Ê I T I). Mas em Aracati, no Vale do Jaguaribe, também no ceará, se diz LEITCHE. No Rio de Janeiro se diz REXPOSXTA. Em São Paulo, resposta. A palavra CARGA pode ser CARRRGA, no Rio Grande do Sul Isso é fonológico. O leite e o leitche fonológicos não perdem seu sentido; muito menos a resposta ou rexposxta, bem como a carga e a carrrga. São duas pronúnicas, mas apenas um sentido. Eis a fonologia.

Há no estudo dos sons uma letrinha que gera estranhamento em algumas palavras. Trata-se da letra L entre vogais ou no final das palavras. Ela tem o som de L, mas no Brasil criou-se o costume de pronunciá-la como se fosse U. Vejam: Brasil (Brasiu), altura (autura), futebol (futebou), palco (pauco).

Esse costume não existe em Portugal, que tem uma pronúncia mais caprichada. Embora haja acusações de que os portugueses falam como se tivessem um ovo cozido na boca, eles (talvez por serem "guardiães" da língua) são melhores do que os brasileiros na oralidade.

Há quem diga que tal pronúncia (absurda) é causada pelo fato de que o "L" e o "U" possuem pontos de articulação próximos em relação à língua (o órgão que fica na boca). Tenhamos ou não tal motivo, o certo é que é um fenômeno tupiniquim.

Já vi um jogador argentino levar uma trombada de um jogador brasileiro, e dizer ao juiz: FALTA! Se fosse brasileiro, teria dito: FAUTA!

No meu modesto pensar, devemos escrever o mais próximo possível da maneira como pronunciamos. Isso geraria mais entendimento, menos possibilidade de ruídos na comunicação.

Sendo assim, uma escolha deve ser feita: Ou pronunciamos o L sempre como L ou o trocamos por U na escrita. A julgar pela disposição de mudança dos brasileiros, nem uma coisa nem outra será feita nos próximos 500 anos. Aliás, a única opção possível é pronunciar corretamente o L, pois Portugal e os outros seis países que falam Português (Angola; Cabo Verde; Guiné-Bissau; Moçambique; São Tomé e Príncipe; Timor Leste) certamente não concordarão com essa mudança. Temos é que aprender a falar, pois estamos sozinhos nessa empreitada.

António Fernando
Enviado por António Fernando em 13/07/2009
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