"ADAPITANDO" O IDIOMA (DA NORMA CULTA À LINGUÍSTICA)

No Brasil existem alguns vícios de linguagem que, pelo número de pessoas "viciadas", quase se consagram como oficiais. Um desses "erros" é a pronúncia ADAPITAR (A-DA-PI-TAR). Que bonitinho! Um verbo de três sílabas ganhou mais uma. Vejamos como ficaria a conjugação pelo menos no presente do indicativo:

EU ADAPITO NÓS ADAPITAMOS

TU ADAPITAS VÓS ADAPITAIS

ELE ADAPITA ELES ADAPITAM.

Do ponto de vista da comunicação é perfeito. Mas os gramáticos não aceitam. Eles são os legisladores. Eles falaram, "tá" falado! Eles escreveram, temos que obedecer.

Eu também já fui um deles. Desde criança eu tinha um estranho gosto pela gramática pura, árida, seca, pedante. Nem me preocupava em sua aplicação. Só queria saber da própria, sem interessar-me pelos textos.

Para minha felicidade, fiz uma pós-graduação em LÍNGUA PORTUGUESA: LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO. E meus professores conseguiram convencer-me de que o jogo é mais gostoso do que as regras; a comunicação é muito melhor do que as normas utilizadas nela.

Hoje eu sou um apaixonado pelo ato de escrever, comunicar pela escrita, e aquele gosto gramatical (que mau gosto!) foi substituído pelo amor ao texto, à coerência textual. Saí das tendências puramente gramaticais e mergulhei profundamente nas águas da linguística, preocupando-me menos com as regras do que com a boa comunicação.

Agora estou bem ADAPITADO às pessoas, comunico-me um pouco melhor com elas, e descobri que é mais fácil um tabaréu fazer-se entender pela maioria do que um arrogante causídico com seu latim desgastado pela ferrugem oriunda da falta de uso.

Em tempo: a forma ADAPITAR e seus derivados não são utilizadas em um só estado, mas há esse uso em várias unidades da federação. Para encher o saco dos gramáticos.

António Fernando
Enviado por António Fernando em 10/07/2009
Reeditado em 30/04/2021
Código do texto: T1693247
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